Utentes de Sanguedo, na Feira, aprovam criação de USF com um polo em Mozelos
Porto Canal / Agências
Santa Maria da Feira, 10 mar (lusa) - Os utentes do centro de saúde de Sanguedo, no concelho da Feira, aprovaram associar-se a uma nova Unidade de Saúde Familiar (USF) Integrada, constituída por um polo nessa freguesia e outro na de Mozelos.
Tendo estado em discussão pública em Sanguedo na passada sexta-feira à noite, a medida mereceu a unanimidade da comissão local que acompanha o processo e que é constituída por representantes da Junta (PS), da Assembleia de Freguesia (PS) e da Oposição (PSD). A referida comissão convocou uma assembleia de utentes e os cerca de 200 que compareceram à reunião aprovaram a mesma proposta.
"A criação de uma USF com dois polos é a melhor solução para nós", declarou à Lusa o presidente da Junta de Sanguedo, Valdemar Silva.
"Tínhamos duas médicas, tiraram-nos uma para ir para Arouca e agora vem cá um médico às falhas, em rotatividade, mas eles não cumprem os horários e isto tem sido uma bagunça", disse o autarca.
Para Valdemar Afonso, os médicos que agora se deslocam a Sanguedo "estão mais interessados em fazer campanha para as pessoas se mudarem para [a unidade de saúde de] Argoncilhe e a qualidade do serviço tem vindo a cair de tal ordem que isto não pode continuar assim".
Inicialmente, em 2009, a reestruturação dos serviços de saúde anunciada para o município da Feira previa que a população de Sanguedo passasse a ser servida pela nova unidade que está a ser construída de raiz na freguesia vizinha de Argoncilhe.
"Mas a população não foi ouvida [nessa altura] e, entretanto, não aceita essa opção", explica Valdemar Silva, admitindo que a "comunidade é bastante idosa, não há transportes públicos para Argoncilhe e não é fácil mobilizar as pessoas para essa alternativa".
Considerando que Sanguedo tem apenas cerca de 2.500 utentes e não dispõe do mínimo exigido para uma USF autónoma, a hipótese mais viável passou assim a ser a criação de uma unidade de saúde repartida por um polo local nessa freguesia e por outro em Mozelos, onde o universo de utilizadores é na ordem dos 5.000.
Tanto um polo como o outro ficarão a funcionar nos edifícios onde já estão instalados os atuais serviços de saúde, pelo que Valdemar Silva garante que "o Estado não vai ter que pagar renda a ninguém".
O autarca acredita que isso ajudará, aliás, a agilizar o processo de candidatura e que a nova USF de Mozelos e Sanguedo deverá, portanto, "entrar em funcionamento antes do fim do ano, sem dúvida nenhuma".
A candidatura da nova unidade está a ser conduzida pelo médico Jorge Ferreira (ex-presidente da Junta de Freguesia de Mozelos), que prevê para essa estrutura um total de quatro médicos, quatro enfermeiros e quatro administrativos - a distribuir pelos dois polos.
"Fundamentalmente, as duas freguesias trabalham em conjunto para nenhuma das suas unidades de saúde fechar", afirma esse responsável, acrescentando que "o grande objetivo é esse, porque se, nesta fase, alguma delas encerrar, qualquer pessoa sabe que ela nunca mais na vida volta a abrir".
Contactado pela Lusa, o atual presidente da Junta de Freguesia de Mozelos declarou que a solução não deverá implicar inconvenientes para a população local, desde que a USF se mantenha nessa localidade. "É por isso que a população anseia", garantiu José Carlos Silva.
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