Agricultores distribuem fruta em Pombal em protesto contra imposições fiscais

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Porto Canal / Agências

Coimbra, 10 mar (Lusa) - A União de Agricultores do Distrito de Leiria esteve hoje nas imediações do mercado de Pombal a distribuir fruta e batatas como forma de protesto contra as novas imposições fiscais sobre os pequenos e médios agricultores.

"Um agricultor, para vender uma couve ou meia dúzia de ovos, tem agora que se coletar. Isso não se pode fazer", criticou António Ferraria, responsável da União de Agricultores do Distrito de Leiria, considerando que a medida pode levar a "uma desertificação do mundo rural".

Enquanto António Ferraria distribuía laranjas, maçãs e batatas às pessoas que entravam ou saíam do mercado, ouviam-se vozes indignadas contra o novo regime, que obriga os agricultores a declarem o início de atividade e a passarem fatura de todas as transações comerciais, além de pagarem uma prestação mensal para a Segurança Social.

"O Zé Povinho é que paga. Estão a desgraçar-nos", diziam pessoas que passavam e recebiam o saco de fruta ou de batatas e um papel dirigido aos consumidores em que se apelava ao consumo de "produtos agrícolas nacionais".

Maria, de 70 anos, que já marca presença no mercado desde os 13 anos, rejeitou o saco oferecido pelo dirigente da União de Agricultores: "Deixe lá. Tenho as minhas em casa para vender".

Para a agricultora que vive nos arredores de Pombal, as novas imposições fiscais obrigam-na a "ir para casa".

"Vendi sempre aqui no mercado. Agora, com 70 anos, querem que a gente se colete? Querem que a gente vá para a Segurança Social entupir as filas?", criticou Maria, que usou o megafone de António Ferraria para criticar o atual Governo, considerando que este "tira tudo aos que já estão desgraçados".

A sua reforma de 274 euros "não chega" e vendia no mercado "as sobras", que ajudavam a pagar os custos de produção.

"Só dão aos que não precisam", frisou.

Fernando Botas, de 75 anos, andou a distribuir os sacos de fruta e de batatas, estando solidário com o protesto por considerar que "os agricultores estão cada vez mais desvalorizados".

"A agricultura agora é apenas um capricho. Já não se consegue tirar um rendimento para se viver", protestou.

"Os agricultores querem que haja um apoio a partir da PAC [Política Agrícola Comum da União Europeia] para que continuem a trabalhar", disse António Ferraria à comunicação social, criticando também os "altos custos de produção".

O novo regime fiscal, cujo prazo já foi adiado quatro vezes e que está previsto terminar a 30 de abril, obriga à inscrição de todos os agricultores com atividade comercial, ficando isentos de IVA os que têm um volume de negócios anual inferior a 10 mil euros.

Para exigir a anulação das novas imposições fiscais sobre os pequenos e médios agricultores, a Confederação Nacional da Agricultura convocou uma concentração nacional de agricultores, a 03 de abril, em Lisboa.

JYGA // SSS

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