Não há medidas concretas para melhorar a vida das pessoas em Angola

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Porto Canal com Lusa

Lisboa, 20 out 2019 (Lusa) - O professor universitário Domingos da Cruz disse hoje à Lusa que não há medidas concretas em Angola para melhorar a vida dos cidadãos, considerando que as reformas lançadas por João Lourenço não mostram uma estratégia económica.

"É certo que não se pode reestruturar o país em dois anos, mas do ponto de vista económico não há avanços, não há medidas concretas que mudem substancialmente a vida das pessoas, porque o que assistimos são medidas isoladas, parecem sem sentido, completamente descoordenadas", disse o académico e ativista Domingos da Cruz em entrevista à agência Lusa, em Lisboa.

"[João Lourenço] não é um homem que tem, de facto, um projeto político de país, que seja sistemático, há medidas isoladas e essas são inaceitáveis quando se está a governar um país, porque um país governa-se de forma diferente", defendeu o académico que foi o tradutor do livro 'From dictatorship to Democracy: A Conceptual Framework for Liberation', escrita por Gene Sharp, pelo qual acabou condenado a uma pena de prisão.

"Governar é resolver os problemas das pessoas de forma concreta; ora, quando alguém chega ao poder num país esfacelado como Angola, é preciso tomar medidas concretas, mas a arquitetura política angolana infelizmente inviabiliza qualquer progressão nos mais variados campos", lamentou Domingos da Cruz, considerando que João Lourenço é cúmplice da manutenção do status quo, já que rejeita alterações constitucionais.

"Quando se opõe a uma reforma constitucional, significa que tem simpatia pelo poder autoritário, porque a Constituição vigente adequava-se perfeitamente ao exercício de um poder autoritário, terá sido construída à vontade de José Eduardo dos Santos e o novo Presidente também se sente bem neste fato", acusou.

Questionado sobre as reformas económicas lançadas pelo Governo, e que são apontadas pela comunidade internacional como sinal de uma mudança concreta no país, Domingos da Cruz defendeu que são medidas avulsas e que ainda não surtiram efeito.

"Temos muita gente em situação de miséria absoluta, podíamos elaborar um programa de transferência de renda [rendimentos] aos mais vulneráveis, apoio a crianças e famílias numerosas, criação de um banco que concedesse crédito a pequenos e micro negócios, e ainda ponto de vista da alteração da arquitetura política, é preciso uma reforma ao nível do sistema de defesa e segurança", apontou.

Ao nível da imprensa, continuou, "João Lourenço devia apoiar a imprensa privada, mas não o faz", criticou o académico, questionando: "Como ter um discurso plural, verdadeiramente democrático, e não apoia a imprensa privada, pelo contrário, estamos a ver um discurso de manipulação mais ou menos generalizado, na televisão pública de angola, na rádio pública, na Angop, ou seja, é o regresso dos que nunca foram", concluiu.

Em junho de 2015, Domingos da Cruz foi detido com outros 16 ativistas angolanos e, um ano depois, foi condenado a oito anos e meio de prisão, por atos preparatórios de rebelião e associação de malfeitores, a pena mais dura do grupo.

MBA // PJA

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