Moçambique: Banqueiro admite em tribunal ter recebido 45 milhões

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Porto Canal com Lusa

Nova Iorque, 17 out 2019 (Lusa) - O antigo banqueiro do Credit Suisse Andrew Pearse admitiu em tribunal em Nova Iorque que recebeu 45 milhões de dólares em pagamentos ilícitos pela sua participação no esquema fraudulento das chamadas 'dívidas ocultas' de Moçambique.

"Todos desempenharam o seu papel par que o banco fizesse os empréstimos, e deram ao banco informações falsas sobre a Privinvest", disse o antigo funcionário do banco suíço, que implicou pelo menos mais quatro pessoas dentro da instituição financeira.

Andrew Pearse é uma das principais testemunhas do Ministério Público norte-americano no processo em curso contra Jean Boustani, um dos principais responsáveis da construtora naval Privinvest, no âmbito do qual a Justiça dos EUA argumenta que foram roubados cerca de 200 milhões de dólares, cerca de 180 milhões de euros, por parte de governantes, empresários e banqueiros de investimento.

Na sessão do julgamento, que decorre em Brooklyn, Nova Iorque, o advogado de defesa de Boustani considerou que o testemunho de Pearse está a ser dado simplesmente para evitar a prisão.

"Pearse recebeu o mais doce dos acordos" e só está a testemunhar para garantir a imunidade e evitar a prisão nos Estados Unidos, disse Michael Schachter, citado pela agência de informação financeira Bloomberg, que dá conta de que os advogados afirmaram que Surjan Singh e Datelina Subeva, os parceiros conhecidos de Pearse no esquema fraudulento e que já se deram como culpados, serão ouvidos ainda esta semana.

No depoimento, Pearse envolveu mais dois antigos colegas, Said Freiha e Adel Afiouni, que terão recebido milhões de dólares depois de a empresa que criaram enquanto trabalhavam para o Credit Suisse ter sido comprada pela Privinvest por mais de 10 milhões de dólares (9 milhões de euros).

"O arguido [Boustani] disse-me que eles eram parceiros silenciosos", afirmou Pearse em tribunal, acrescentando, quando questionado, que ambos trabalhavam no Credit Suisse na altura: "Sim, trabalham lá, por isso é que o arguido os descreveu como parceiros silenciosos", respondeu.

O Credit Suisse e os antigos funcionários Said Freiha e Adel Afiouni não foram acusados pela Justiça norte-americana, e todos declinaram o convite feito pela Bloomberg para comentar o caso.

As declarações do antigo responsável da Privinvest são o mais recente capítulo do processo das dívidas ocultas de três empresas públicas moçambicanas, que já levou à detenção do antigo ministro das Finanças Manuel Chang e de um dos filhos do antigo Presidente Armando Guebuza, para além de três banqueiros do Credit Suisse e vários responsáveis governamentais moçambicanos.

Na investigação, a Justiça norte-americana acusa membros do anterior Governo de Moçambique, a Privinvest e três ex-banqueiros do Credit Suisse de terem criado um falso projeto de defesa marítima para receberem mais de 200 milhões de dólares em subornos para si próprios em acordos assinados em 2013 e 2014.

A descoberta de empréstimos contraídos com aval do Estado mas sem registo nas contas públicas e sem divulgação aos parceiros internacionais levou os doadores a cortarem a assistência internacionais e as agências de rating a descerem a opinião sobre o crédito soberano.

Em consequência, aumentou o rácio da dívida pública sobre o PIB, o que arredou o país do financiamento internacional, atirando Moçambique para 'default' e para uma crise económica e financeira que ainda persiste.

MBA // VM

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