População ativa cresce sustentada nos trabalhadores estrangeiros

| Economia
Porto Canal com Lusa

Lisboa, 10 out (Lusa) -- A população ativa está a crescer em Portugal sustentada pelo contributo significativo dos trabalhadores estrangeiros, tipicamente mais jovens e mais escolarizados, segundo um estudo do Banco de Portugal que integra o Boletim Económico hoje divulgado.

Segundo o estudo, depois de uma queda da população ativa (população empregada e desempregada entre 15 e 64 anos) entre 2008 e 2016, esta passou a crescer a partir de 2017 e, "desde meados de 2018, a população ativa estrangeira tem permitido sustentar a evolução da população ativa em Portugal".

"Apesar do seu peso relativo diminuto, a população estrangeira residente em Portugal tem aumentado no período mais recente, muito em linha com a evolução dos fluxos migratórios, e tem contribuído favoravelmente para a evolução da população ativa e do emprego", lê-se na Caixa 3 do Boletim Económico de Outubro.

No primeiro semestre deste ano, os estrangeiros residentes em Portugal em idade ativa (15-64 anos) eram 198 mil, ou seja, 3,0% da população em idade ativa. Já os estrangeiros ativos eram 158 mil, o equivalente a 3,2% da população ativa, que ascendia a 4,8 milhões de pessoas.

Sobre o aumento dos imigrantes estrangeiros (uma vez que metade dos imigrantes são portugueses que regressam ao país), este estudo recorre ao Inquérito ao Emprego, do Instituto Nacional de Estatística (INE), para considerar que o aumento da população residente estrangeira em Portugal tem crescido devido, sobretudo, ao aumento expressivo de cidadãos do Brasil, de países externos à União Europeia, e de Itália e Reino Unido, dos países europeus.

Segundo os mesmos dados, no primeiro semestre, do crescimento homólogo em 21% da população com nacionalidade estrangeira residente em Portugal, a população com nacionalidade brasileira teve um contributo de 20 pontos percentuais.

Segundo dados do Inquérito ao Emprego (IE) do INE, o número médio de estrangeiros a viver em Portugal no primeiro semestre era de 248 mil.

Segundo este estudo, os estrangeiros têm contribuído para o aumento da população ativa devido ao fator demográfico - uma vez que a proporção de indivíduos mais jovens, em idade ativa, é superior à da população nacional -- e porque participam mais no mercado de trabalho (taxa de atividade dos estrangeiros foi de 80% no primeiro semestre de 2019, 4 pontos percentuais acima da taxa de atividade dos portugueses).

O Banco de Portugal destaca o nível de escolaridade da população estrangeira, que em média é superior ao da população residente nacional e tem vindo a aumentar, o que contribui para esta população estrangeira ter maior taxa de atividade.

Entre o primeiro semestre de 2011 e o mesmo período de 2019, a proporção de estrangeiros entre 25 e 64 anos com ensino superior aumentou de 15% para 30%, enquanto na população nacional essa proporção passou 17% para 26%. Ainda 50% dos portugueses só têm ensino básico, enquanto nos estrangeiros se reduz para 30% esse nível de escolaridade.

Ainda segundo o Banco de Portugal, são também os estrangeiros que têm levado ao rejuvenescimento da população ativa, já que a população ativa portuguesa está cada vez mais envelhecida.

"Em suma, a recuperação dos fluxos imigratórios de estrangeiros tem contribuído positivamente para a oferta de trabalho em Portugal no período mais recente. Pelas suas características -- tipicamente mais jovem, com maior nível de escolaridade e mais taxa de atividade -- a população estrangeira poderá também potenciar a dinâmica do mercado de trabalho nos anos vindouros", segundo o estudo do Banco de Portugal.

Este estudo relaciona o fluxo migratório recente com fatores como incentivos fiscais, a ideia de Portugal como país seguro, e 'Brexit' (saída do Reino Unido da União Europeia) mas fala na necessidade de se reforçarem as condições de atratividade de Portugal para que perca este positivo fluxo migratório.

Segundo indicadores compilados pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico ou Económico (OCDE), Portugal está numa posição intermédia em termos de condições internas de competitividade para atração e retenção de jovens em idade ativa.

IM // MSF

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