EX-PGR do Brasil admite que entrou no Supremo com arma para matar juíz e suicidar-se

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Porto Canal com Lusa

Brasília, 27 set 2019 (Lusa) - O ex-procurador-geral da República brasileiro Rodrigo Janot afirmou que, na sua passagem pelo cargo, chegou a entrar no Supremo Tribunal Federal (STF) para matar com uma arma o juíz Gilmar Mendes e suicidar-se em seguida.

Em entrevista aos jornais brasileiros Estadão, Folha de S. Paulo e à revista Veja na noite de quinta-feira, o ex-PGR, que chefiou o Ministério Público do país entre 2013 e 2017, revelou que foi armado para o STF no dia 11 de maio de 2017, ocasião em que a operação Lava Jato estava no seu auge, com o intuito de matar e morrer.

"Não ia ser uma ameaça, não. Ia ser assassinato mesmo. Ia matar ele (juíz Gilmar Mendes) e depois suicidar-me", afirmou o antigo procurador.

Janot disse que foi ao Supremo armado, antes de uma sessão, e encontrou Gilmar numa antessala do edifício.

"Ele estava sozinho. Mas foi a mão de Deus. Foi a mão de Deus", repetiu o procurador ao justificar o motivo de não ter concretizado a sua intenção inicial.

"Ele estava na sala, na entrada da sala de sessão. Eu vi, olhei, e aí veio uma 'mão' mesmo. Só não houve o gesto extremo porque, no instante decisivo, a mão invisível do bom senso tocou meu ombro e disse: não", frisou ainda o ex-PGR, em declarações à imprensa.

Mas os motivos que desencadearam esta atitude do ex-PGR estão diretamente ligados com a Lava Jato, maior operação contra a corrução no Brasil.

Na ocasião, Janot havia pedido ao STF que impedisse Gilmar Mendes de ajuizar num processo que envolvia o empresário Eike Batista, no âmbito da operação Lava Jato.

O agora ex-PGR alegou que a mulher do juíz, Guiomar Mendes, trabalhava no mesmo escritório de advocacia que defendia Eike.

Na sequência, foram publicadas notícias de que a filha de Janot era advogada de construtoras envolvidas na Lava-­Jato. Rodrigo Janot afirma que se trata de "uma história mentirosa" sobre sua filha e que "isso o tirou do sério".

"Aí ele inventou uma história que a minha filha advogava na parte penal para uma empresa da Lava Jato. Minha filha nunca advogou na área penal, e aí eu saí do sério", afirmou o ex-procurador-geral.

Segundo o magistrado, a filha de Janot poderia na época "ser credora por honorários advocatícios de pessoas jurídicas envolvidas na Lava Jato".

O procurador identificou Gilmar Mendes como origem da informação e, a partir daí, decidiu matá-lo.

O ex-procurador-geral da República diz que sua relação com Gilmar já não era boa até esse episódio, mas que, posteriormente, cortou contacto com ele defenitivamente.

"Eu sou um sujeito que não se incomoda de apanhar. Pode me bater à vontade. Mas eu tenho uma filha, se você for pai...", declarou Janot.

Rodrigo Janot vai lançar na próxima semana o livro 'Nada Menos que Tudo', escrito pelos jornalistas brasileiros Jailton de Carvalho e Guilherme Evelin, em que narra episódios desconhecidos ao longo dos quatro anos em que esteve à frente das investigações do maior escândalo político do país, com a Lava Jato.

Contudo, Janot disse à imprensa que apesar do episódio estar narrado no livro, não há referência ao nome dos envolvidos.

Em comunicado enviado à imprensa local, o juíz do STF Gilmar Mendes reagiu com "alguma surpresa" ao caso, e recomendou que o ex-chefe da PGR procure ajuda psiquiátrica.

O magistrado lamentou "o facto de que, por um bom tempo, uma parte do devido processo legal no país ficou refém de quem confessa ter impulsos homicidas, destacando que a eventual intenção suicida, no caso, buscava apenas o livramento da pena que adviria do gesto tresloucado. Até o ato contra si mesmo seria motivado por oportunismo e covardia", declarou Mendes, citado pela Veja.

A Lava Jato é a maior operação contra a corrupção no Brasil e investiga o envolvimento de responsáveis de empresas públicas, nomeadamente da petrolífera Petrobras, de políticos e empresários.

MYMM // PJA

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