Lisboa, 06 mar (Lusa) - Um estudo sobre cultura e desenvolvimento realizado por investigadores da Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa recomenda a integração de critérios económicos nas propostas de política cultural.

"Cultura e Desenvolvimento: Um Guia para os Decisores", coordenado pelo investigador José Tavares, da Faculdade de Economia - Nova School of Business and Economics (GANEC), foi realizado no âmbito do Plano de Estudos Cultura 2020, iniciativa da Secretaria de Estado da Cultura (SEC).

A investigação apresenta algumas recomendações, entre elas a "integração de critérios económicos - que não meramente materiais nem mercantilistas - nas propostas de política cultural".

Este estudo também recomenda um "trabalho próximo e continuado com os setores produtivos - cada vez mais numerosos e significativos - em que o simbólico e o criativo beneficiam de ações conjuntas com os atores e os decisores da área cultural".

Os investigadores da GANEC consideram ainda que deve ser feita uma "sensibilização dos intervenientes na esfera cultural para as várias vertentes possíveis de expansão dos benefícios da sua atividade na vida económica e social".

No estudo desenvolvido pela equipa da Faculdade de Economia, algumas das conclusões confirmam o que recentes estatísticas europeias indicam sobre o baixo consumo cultural em Portugal, que "evidencia sistematicamente um baixo nível de envolvimento em atividades culturais".

Conclui ainda que, a "nível europeu, é possível identificar uma correlação forte entre os indicadores culturais e vários dos indicadores de inovação e inclusão", e que "Portugal perde nas duas frentes em virtude de não estar a integrar suficientemente a cultura".

Os investigadores apontam ainda que "as contradições e os conflitos entre os domínios da cultura e da economia são muito evidentes" no país, e que "as infraestruturas culturais afetam a aglomeração local de talento, bem como o crescimento económico a longo prazo".

"Cultura e Desenvolvimento: Um Guia para os Decisores", apresentado na quarta-feira à noite, no Teatro Nacional de São Carlos, em Lisboa, é o segundo estudo a ser apresentado pela SEC, depois de, em janeiro deste ano, o economista e consultor Augusto Mateus ter lançado publicamente "A Cultura e a Criatividade na Internacionalização da Economia Portuguesa".

O Plano Cultura 2020 é uma iniciativa da SEC desenvolvida pelo Gabinete de Estratégia, Planeamento e Avaliação Culturais, em articulação com o Instituto Nacional de Estatística e um conjunto de universidades e investigadores, com o apoio do Instituto Financeiro do Desenvolvimento Regional.

Este plano consiste numa série de dez estudos em diferentes áreas de ação relacionadas com as recomendações feitas pela Comissão Europeia para a governação e programação de fundos nos próximos sete anos.

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