Paz no país será tema dominante na visita papal

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Porto Canal com Lusa

Lisboa, 01 set 2019 (Lusa) - O padre Tony Neves, do conselho geral dos Missionários do Espírito Santo, em Roma, afirmou hoje que um dos temas dominantes da visita papal a Moçambique será a paz, chamando a atenção do mundo para a sua importância.

"A questão do processo de paz, com o protocolo agora assinado [a 06 de agosto] e a sua implementação, bem como os danos colaterais de posições assumidas pelos militares da Renamo já após o acordo terão de ser alvo de conversas", afirmou o padre Tony Neves, em declarações à Lusa por telefone, um conhecedor da realidade de África e, em particular de Moçambique, onde viveu muitos anos.

O dossiê da paz vai, na sua opinião, "ser muito falado" durante esta viagem a Moçambique, na qual, e como sempre, o Papa terá centenas de jornalistas a ouvirem o que diz, e que "irão amplificar o que vai dizer".

Por isso, Tony Neves considera que esta viagem pode dar também o seu contributo para a consolidação da paz no país, chamando a atenção do Mundo para o acordo de paz assinado em Moçambique entre a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), maior partido da oposição e a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder, mas já contestado por uma ala militar da força minoritária.

"Pode ser que as diplomacias internacionais se interessem mais pelo caso de Moçambique", referiu o Padre Toný Neves, acrescentando que "se houver uma conjugação de esforços talvez essa paz tenha condições para se sedimentar".

O padre admitiu ainda que o Papa poderá "ter encontros a sós com ambas as partes".

Porém, assegura que a decisão do Papa de visitar Moçambique foi tomada antes da assinatura do último Acordo de Paz.

Para o padre Tony Neves, em Moçambique "as pessoas estão um bocadinho mais pacificadas e o acordo de paz último também terá dado mais um bocadinho de confiança às pessoas, mas ainda há os problemas no norte, com os ataques de grupos que não se sabe quem são" e a questão dos militares da Renamo.

Ameaças que, defende, têm de ser resolvidas. "Não sei qual é a real força destes militares [da Renamo que já disseram que não aceitam o acordo assinado a 06 de agosto], mas acho que se sentiram ultrapassados pela própria negociação. A verdade é que os militares, quer de um lado quer do outro, estavam a lucrar muito com a guerra", disse Tony Neves, e na sua opinião "vontade não lhes falta" para lançar a instabilidade.

"O que este protocolo de paz veio confirmar foi a extensão da governação, do governo central, a todo o território de Moçambique. E, claro, que a linha mais militar da Renamo, que sempre esteve escondida na Gorongosa, não gostou e já disse que não aceita este processo", concluiu.

Quanto aos ataques de grupos anónimos armados no norte de Moçambique, defende que "não serão motivos ligados à religião" que os movem, mas são um grande foco de instabilidade, que ameaça também a economia.

Segundo Tony Neves, "não há muita convicção de que sejam armados por questões religiosas".

Para o pároco da Igreja Católica há por detrás destes grupos, tal como noutros países de África, "uma agenda escondida, gerida não se sabe bem por quem e que está a servir alguma coisa".

"Ninguém percebe muito bem como esses grupos aparecem, não se sabe de onde vêm nem para onde vão, nem quem lhes paga. E a única coisa que se sabe é que as autoridades locais não fazem nada. E não fazem nada porquê? Porque não podem?", questionou.

Porém, diz que gostou de ouvir o Presidente de Moçambique, Filipe Niusy, por ocasião da assinatura do último Acordo de Paz no país, a assegurar que o governo "iria apontar baterias para o combate aos bandos armados que estão a fazer ataques no norte e a criar uma grande instabilidade, muita insegurança e com consequências desastrosas para a vida das pessoas, claro, mas também para a própria economia".

A visita do Papa Francisco a Moçambique decorre entre 04 e 06 de setembro e insere-se numa viagem pela África Oriental que abrange ainda mais dois países, Madagáscar e Ilhas Maurícias.

Numa mensagem vídeo de antecipação da visita aquele país, divulgada na sexta-feira, em Maputo, o Papa Francisco pediu que haja uma reconciliação definitiva para que a paz seja duradoura.

ATR // PJA

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