Carrinha percorre estradas de Nelas e Carregal para dar boleia a quem precisa

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Porto Canal / Agências

Nelas, 03 mar (Lusa) -- Uma carrinha da Fundação Lapa do Lobo percorre de segunda a sexta-feira várias estradas dos concelhos de Nelas e de Carregal do Sal, num total de 130 quilómetros diários, para dar boleia a quem precisa.

Este serviço de boleias, que completa hoje um mês, é já considerado um sucesso, sendo o número semanal de utentes superior a 35.

A secretária-geral da fundação, Sónia Simão, explicou à agência Lusa que a ideia de criar este serviço surgiu na sequência de pedidos de pessoas de Lapa do Lobo que não tinham como se deslocar, por exemplo, para o posto médico de Canas de Senhorim ou para as Finanças de Nelas.

"Inicialmente, este serviço foi pensado para responder a essas solicitações. Depois, quando foi apresentado às Câmaras de Nelas e Carregal do Sal (área de abrangência da fundação), elas receberam-no com grande entusiasmo e indicaram também alguns locais que poderiam ser de passagem do serviço de boleias, para dar resposta às dificuldades das pessoas dos dois concelhos", contou.

Uma das preocupações da fundação -- que é uma entidade privada com objetivos fundamentalmente culturais, educativos e de preservação do património - foi que este serviço não colidisse com os transportes públicos nem em termos de horários, nem de percurso.

O serviço é gratuito e tem itinerário e horários definidos. Lapa do Lobo, Canas de Senhorim, Nelas, Laceiras, Cabanas de Viriato, Travanca de S. Tomé, Carregal do Sal, Oliveirinha e Fiais da Telha são locais onde as pessoas podem apanhar boleia.

No dia da reportagem da Lusa, às 09:00, já Conceição Dias, de 57 anos, esperava na Junta de Freguesia de Lapa do Lobo.

"Só temos uma 'motita' que o marido leva para o trabalho e como andava de boleia com pessoas conhecidas, isto dá-me imenso jeito", admitiu, contando que chega usar o serviço três vezes por semana.

As suas idas a Nelas são planeadas em função do horário estipulado. A carrinha chega a primeira vez à sede do concelho às 09:25 e volta a passar duas horas depois, o que dá tempo para tratar de vários assuntos.

"Acho uma ideia original, que dá imenso jeito a pessoas como eu, que não têm transporte. E como estou desempregada, com o meu filho, isto caiu mesmo do céu", frisou.

Também Sérgio Loureiro, igualmente desempregado e com 57 anos, apanhou boleia para ir de Nelas, onde frequenta uma ação de formação, até Lapa do Lobo, onde vive.

"É bom ser gratuito e estar disponível. Como agora, (se não fosse a carrinha) tinha de ir com o colega até ali (Canas de Senhorim), depois ir a pé ou arranjar boleia novamente. Assim sempre é melhor, é mais direto", afirmou.

Com a mesma idade e a mesma situação profissional de Conceição Dias e Sérgio Loureiro, Maria Olinda tinha por hábito ir a pé de Travanca de S. Tomé a Carregal do Sal para tratar dos seus assuntos, como "meter o carimbo" que lhe permite continuar a receber o subsídio de desemprego.

Durante a sua primeira viagem na carrinha da fundação, relatou à Lusa como ficou a saber deste serviço.

"Eu não sabia, agora é que eu vinha a pé e a sogra do Tó disse: 'Ó Olinda, não vás a pé que há de passar aí uma camioneta que leva o pessoal'. E eu esperei", contou.

Divorciada, com as filhas, os genros e os netos no estrangeiro, Maria Olinda não tinha como se deslocar para Carregal do Sal. Agora que conhece o novo serviço, pretende aproveitá-lo.

"Mesmo no verão, uma pessoa vai de manhã cedo para a fazenda e depois vem e prepara-se para ir ao Carregal", afirmou, já a fazer planos e prometendo dar a conhecer a novidade às amigas.

Simão Pedro é quem conduz a carrinha de nove lugares adquirida de propósito pela fundação para este serviço. É não só condutor, mas também muitas vezes confidente.

"Vão à farmácia levantar os medicamentos, fazer análises, à Câmara pagar a água, levantar a reforma e é engraçado porque me contam isso tudo", afirmou, acrescentando que já lhes explicou não ser preciso darem justificações.

Sónia Simão referiu que, além do investimento inicial na carrinha, dos seguros obrigatórios e do salário do motorista, este é um serviço que não fica muito caro.

"Fica aqui a dica, um exemplo a seguir por outras instituições, por autarquias pelo país fora" onde o serviço de transporte público seja escasso, frisou.

AMF // SSS

Lusa/fim

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