Pinto da Costa: "Só saio quanto tiver medo de assumir as minhas responsabilidades"

| FC Porto
Porto Canal com fcporto.pt

Foi mais uma noite memorável para Jorge Nuno Pinto da Costa. Por entre muita música, dança e a alegria transbordante de cerca de 1.700 portistas, o presidente dos Dragões foi homenageado na Quinta da Malafaia, no município de Esposende, por 14 Casas minhotas do clube: Amares, Braga, Caminha, Celorico de Basto, Esposende, Famalicão, Guimarães, Monção, Ponte de Lima, Póvoa de Lanhoso, Vale do Ave, Viana do Castelo, Vila Verde e Vizela.

Atualizado 10-08-2019 11:54

Após o jantar, o líder dos azuis e brancos tomou a palavra e dirigiu-se a uma sala cheia, começando a falar de regionalização. Pinto da Costa agradeceu o carinho dos adeptos, que considerou a parte mais importante do clube, e criticou os ataques vindos da comunicação social ao mesmo tempo que alertou os portistas para continuarem vigilantes em relação ao que se diz e escreve nos meios jornalísticos. Fez ainda questão de vincar que nunca teve medo de tomar as decisões que julgou mais convenientes para o FC Porto e assegurou que se vai manter firme no cargo que ocupa há 37 anos, finalizando o discurso com agradecimentos às pessoas que o acompanharam na iniciativa: os campeões europeus Fernando Gomes e Frasco, bem como o responsável da secção de bilhar portista, Alípio Jorge.

Regionalização
“Estou muito comovido com a receção que todos vocês me prestaram. Estou aqui de coração aberto e encantado por estar no meio de vós. É um dia muito importante para o FC Porto. Até pode ser um dia para que os responsáveis deste país meditem um pouco. Todas as Casas do Minho do FC Porto juntaram-se e mostraram ao país como pode ser bonita e profícua a regionalização de Portugal.”

A importância dos adeptos
“Não trago nenhum discurso escrito porque a pessoa que me costuma escrever os textos está de férias. Mas trago-vos a minha estima e amor. A vida só é importante se procurarmos fazer felizes as pessoas que amamos. E eu sinto-me muito contente por sentir a vossa felicidade, porque eu amo-vos a todos. E não esquecerei nunca todas as provas de carinho que aqui me deram, todos os abraços de todas as pessoas e não esquecerei nunca as lágrimas de uma menina, a Bruna, que estava a chorar porque estava contente por estar comigo. É a pensar nestas crianças e juventude que eu sinto que nunca há sacrifícios quando se leva o FC Porto a estes jovens, que são o futuro do nosso clube. Se as gerações mais velhas atravessaram tantas dificuldades e se mantiveram fiéis ao FC Porto, são estas gerações mais novas a quem temos de ensinar a verdade, não a que se apregoa, mas a que se pratica. Todos nós sabemos que é muito difícil para o FC Porto ter sucesso, mas a condição primeira é estarmos todos unidos e querermos o mesmo, é estarmos todos reunidos como hoje e sentirmos orgulho no FC Porto. O FC Porto não é apenas um estádio, um pavilhão, um museu, o FC Porto é sobretudo grande porque vocês são do FC Porto.”

Os ataques da comunicação social
“Quem liga as televisões e vê alguns debates, teoricamente de desporto ou futebol, percebe o ódio que muitos sentem pelo FC Porto. Querem que o FC Porto não vença, são incapazes de dar mérito a quem o tem se for de azul e branco. E por isso é que somos maiores e muitos, e por isso é que somos os que mais amam. E eu tenho muito orgulho, após 37 anos como presidente do FC Porto, de encontrar nestas visitas coisas novas e sinto uma vontade redobrada de que o FC Porto seja sempre maior. A vossa crença no passado, presente e futuro, sobretudo das crianças, fazem com que todos os sacrifícios valham a pena. Há dois dias deslocámo-nos à Rússia para um importante jogo. Não era possível levar adeptos, não havia vistos nem tempo, mas mesmo assim fiquei realmente contente porque encontrei lá, num pequeno local da bancada, 40 portugueses, 40 Super Dragões que foram, através de um visto alcançado em Paris, para a Turquia e depois para a Rússia. Quero agradecer a estes Super Dragões o apoio que lá nos deram. Nós temos de estar sempre unidos, mas nunca podemos deixar de estar vigilantes. Cada vez é mais difícil montar equipas que nos deem garantias de êxito como a atual. Temos de estar bem atentos à comunicação social. Se lerem atentamente os jornais há rasteiras a toda a hora. Ainda agora, um jornal, a propósito da nossa ida à Rússia, encarregou-se de escrever nas suas páginas que um treinador, castigado, poderia contactar com a equipa e com o banco, o que fez com que a UEFA estivesse sempre a controlar o nosso treinador. Mas já estava tudo programado e não era necessário avisar a UEFA. Até já se sabia ao pé de quem estava: era no mesmo camarote do que eu, mas não estava junto ao treinador-adjunto como disseram. O nosso sucesso não interessa à comunicação social. Dou-vos mais um exemplo. Quando tinha oito anos, já com o “bichinho” do futebol, fui uma vez com um tio meu a um hotel da Batalha, onde estava Cândido de Oliveira, amigo do meu tio, e depois do jantar, nesse hotel, apareceram Vitor Santos e Justino Lopes, dois jovens na altura (já falecidos) que perguntaram: ‘Mestre, se amanhã o Benfica ganhar em Braga quantos jornais fazemos?’. E respondeu-se: ‘Se ganhar 20 mil, se não ganhar 10 mil’. Ora, isto prova que eles não têm escrúpulos para vender os jornais e mesmo assim, com o Benfica a ganhar, aquilo está mau. No outro dia estava ver o Porto Canal e reparei numa observação de um comentador a propósito de uma rubrica de um sujeito num jornal, a qual retrata em duques algo negativo e a minha cara estava no duque (de ouros, se fosse o de copas era pior) porque no FC Porto eram anunciados guarda-redes todos os dias e não aparecia qualquer um. Que eu saiba, o nosso treinador só quis neste processo um de dois guarda-redes, e um deles foi o que veio. Mas eles diziam que havia interesse em muitos. Outros continuam à procura, só apareceram aleijados até agora, mas o outro nunca é duque.”

Responsabilidades sempre assumidas
“Os êxitos do FC Porto são desvalorizados e os fracassos dos outros encobertos. Temos de continuar com as nossas campanhas e não permitir que nos desviem do nosso caminho. Sou presidente há 37 anos e quando fiz a primeira reunião com os meus diretores disse lhes que não sabia quanto tempo ia estar à frente do clube, mas disse-lhes também que sabia que no dia em que não tomasse as decisões que fossem melhores para o FC Porto e não assumisse as minhas responsabilidades por medo, fosse do que fosse, me ia embora. Já errei, mas nunca tive medo de tomar as medidas que julguei importantes e nunca tive o medo de enfrentar o poder, seja ele qual for. E posso-vos dizer nesta regionalização do FC Porto que quando tiver medo de assumir as minhas decisões me vou embora, mas também vos posso garantir que não vou embora tão cedo. Só saio quando tiver medo de assumir as minhas responsabilidades”.

Minho sempre azul e branco
“Tenho de felicitar todas as Casas por esta ideia magnífica. Diz o convite que o Minho está azul e branco. Está sempre porque o céu é azul. Enquanto o céu for azul e o inferno vermelho, o Minho será sempre azul e branco”.

Agradecimentos finais
“É uma satisfação enorme para mim ser acompanhado hoje por duas glórias do FC Porto, dois campeões europeus. Um é o Fernando Gomes, que eu tive o prazer de fazer regressar ao FC Porto, de onde nunca devia ter saído. O outro, o Frasco, que eu trouxe para o FC Porto vindo do Leixões. Dois homens que todos os anos não perdem a oportunidade de conviver no coração do FC Porto. É um prazer também ser acompanhado do senhor Alípio Jorge, campeão do bilhar e responsável pelas Casas portistas, um homem que desde o início apadrinhou com alegria este convívio. Vamos todos daqui não mais portistas, porque isso é impossível, mas com o coração confortado pela vossa estima e pelo vosso amor ao FC Porto. Muito obrigado e até sempre.”

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