Candidatura à Presidência da República é "decisão irreversível" - presidente do parlamento guineense
Porto Canal com Lusa
Bissau, 30 jul 2019 (Lusa) - O presidente do parlamento guineense, Cipriano Cassamá, afirmou hoje que a decisão de se candidatar à Presidência do país "é irreversível" e que o líder do PAIGC "sabe muito bem" da sua intenção de avançar para as presidenciais de novembro.
Num encontro com os veteranos do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), Cipriano Cassamá mostrou-se agastado com o líder do partido, Domingos Simões Pereira, a quem, disse ter transmitido sempre a sua vontade de ser Presidente da Guiné-Bissau.
Com lágrimas nos olhos, Cipriano Cassamá afirmou ser "um homem de princípios, uma pessoa de palavra" que não tem por hábito trair ninguém.
"Não traio ninguém, mas quem me trair eu vou trair. A quem me humilhar, devolverei a mesma humilhação", defendeu Cipriano Cassamá, expressando-se em crioulo.
O também primeiro vice-presidente do PAIGC revelou ter perguntado a Domingos Simões Pereira, em junho de 2017, qual era a ambição política daquele, tendo recebido como resposta: "Disse-me que queria continuar a ser presidente do PAIGC e primeiro-ministro. Disse-lhe que tem a minha total fidelidade, como sempre fiz no passado e em qualquer momento", notou Cassamá.
Naquela altura, disse ter informado Domingos Simões Pereira de que que queria ser Presidente da Guiné-Bissau e este o orientou sobre as diligências a fazer no país e no estrangeiro.
"Fiz o meu trabalho", observou Cipriano Cassamá, frisando ter reafirmado recentemente a mesma pretensão ao líder do partido.
"Naquele dia antes de viajar para Angola, pedi uma audiência ao presidente do partido, onde lhe reafirmei a minha candidatura à Presidência da República, ao que me respondeu: 'Então e eu?'", relatou Cassamá.
O agora candidato à presidência da Guiné-Bissau afirmou não pretender "estragar o PAIGC", mas garantiu que a sua intenção de se apresentar às eleições presidenciais, marcadas para 24 de novembro, "é irreversível".
"É uma candidatura para avançar. Não vou desistir dela. É assim a política", declarou Cipriano Cassamá, que afirmou não compreender que alguns veteranos do PAIGC procurem demovê-lo da sua pretensão.
Cassamá disse não aceitar que lhe digam para não avançar, argumentando ter sido "muito importante no parlamento"
"Pergunto-lhes porque é que não poderei ser importante na Presidência da República para, definitivamente, acabarmos com este ciclo de instabilidade no país?", questionou Cipriano Cassamá.
Sempre que confrontado com as declarações de Cipriano Cassamá, o líder do PAIGC, que muitos círculos do partido admitem poder ser candidato presidencial, remeteu para as primárias, a realizar, a decisão sobre quem será o escolhido para as eleições de 24 de novembro.
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