Portugal/Moçambique: Salomé Sebastião quer palavras da cimeira traduzidas em cooperação judicial

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Porto Canal com Lusa

Lisboa, 20 jul 2019 (Lusa) - A mulher do empresário português Américo Sebastião disse hoje esperar que as intenções expressas na recente cimeira entre Portugal e Moçambique se materializem na cooperação judicial que permita localizar o marido, desaparecido naquele país há quase três anos.

"Espero que as palavras se materializem efetivamente na cooperação judiciária e judicial entre os dois países nas investigações em Moçambique", disse à agência Lusa Salomé Sebastião.

A mulher do empresário aludia às declarações do primeiro-ministro português, António Costa, durante à conferência de imprensa conjunta com o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, no final da cimeira Portugal/Moçambique, que decorreu no início do mês em Lisboa.

Na ocasião, o chefe do Governo português disse que não se deve deixar que a "infeliz circunstância" do desaparecimento do empresário "perturbe a relação entre os dois países", apelando para um trabalho conjunto "de boa-fé e de forma construtiva" para o esclarecimento do caso.

"Creio que este seja o passo que falta na linha de trabalharmos juntos de boa-fé e de forma construtiva porque sem esta cooperação [judicial] de Portugal, aceite por Moçambique, a experiência mostra que não são atingidos resultados positivos. Já lá vão quase três anos sem que a investigação tenha conseguido avançar", apontou Salomé Sebastião.

A mulher do empresário, raptado a 29 de julho de 2016 numa localidade da província de Sofala, centro de Moçambique, teve na semana passada audiências na Presidência da República e no ministério dos Negócios Estrangeiros portugueses durante as quais foi informada sobre a abordagem dos dois países ao desaparecimento do marido durante a cimeira Portugal Moçambique.

Antes da cimeira, Salomé Sebastião tinha sido recebida, em Maputo, pelo Presidente moçambicano a quem diz ter pedido para que fossem aceleradas as investigações e usados todos os recursos e meios disponíveis.

"A cooperação policial entre países irmãos poderia fazer sentido e pedi-lhe que olhasse para esse meu pedido com bons olhos, mas na realidade não obtive qualquer resposta conclusiva naquele momento", disse.

Acrescentou, por outro lado, que tem feito contactos com a Procuradoria-Geral da República de Moçambique e pedido a "todos os interlocutores", em Portugal e Moçambique, para que sejam usados todos os meios.

"O tempo é muito, é preciso fazer mais e melhor", reforçou.

Américo Sebastião foi raptado numa estação de abastecimento de combustíveis na manhã de 29 de julho de 2016, em Nhamapadza, distrito de Maringué, na província de Sofala, no centro de Moçambique, desconhecendo-se desde então o seu paradeiro.

Portugal ofereceu por várias vezes cooperação judiciária para se tentar localizar o empresário Américo Sebastião, mas as autoridades moçambicanas nunca deram seguimento.

A poucos dias do terceiro aniversário do desaparecimento do empresário, a família renovou também o pedido de ajuda aos deputados portugueses, em particular os do distrito de Leiria (a família é do Bombarral), do círculo da Emigração (Resto do Mundo) e do grupo parlamentar de Amizade Portugal-Moçambique.

Salomé Sebastião lembrou que submeteu, em abril de 2018, uma petição ao parlamento com 6.400 assinaturas e lamentou que não tenha "produzido nenhum efeito conducente a qualquer avanço".

"Precisamos de ajuda e pedimos aos deputados que se empenhem porque é triste constatar que nenhum partido segue em permanência na Assembleia da Republica o caso de um empresário português raptado e desaparecido em Moçambique e não exerce pressão e influência para a indispensável cooperação judiciária e policial se concretizar", comentou.

A mulher do empresário admitiu "desconsolo" e "desalento" com a falta de iniciativas dos deputados, mas manifestou a expectativa de que esta situação possa mudar "ainda antes das eleições".

"Precisamos muito de apoio e acompanhamento político e gostaríamos de ter os deputados connosco porque precisamos de quem nos represente", reforçou.

CFF // JH

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