Livre-comércio coloca África como destino de multinacionais - Afreximbank

| Economia
Porto Canal com Lusa

Moscovo, 23 jun 2019 (Lusa) -- O economista-chefe do banco pan-africano Afreximbank considera que o acordo de livre-comércio vai colocar o continente como destino de deslocalização de multinacionais.

"Vamos ter mercados, com classe média a crescer. Vamos ter condições para crescer", com a transferência do investimento direto estrangeiro das matérias-primas para as manufaturas e indústria" porque a produção em África passa a ser competitiva, graças ao fim das tarifas aduaneiras.

"Isso vai construir uma classe média, motivada por economia de escala", disse, mostrando-se "muito otimista" com os sinais recentes.

"Há dois ou três meses, a Volkswagen decidiu abrir uma fábrica no Ruanda" e "os construtores automóveis franceses vão construir outra no Quénia", um sinal de que a "corrida pela indústria em África já começou", explicou Fofack, em entrevista à Lusa à margem dos encontros anuais do banco, que decorreram em Moscovo.

Nos últimos anos, o continente tem reforçado as parcerias com a China, mas, no futuro, Fofack acredita que a situação vai mudar.

"As relações económicas não são hoje o que eram antes. A Europa ficou mais forte economicamente, tem uma moeda própria e a América teve de lidar com isso. E a relação entre África e a China irá ter o mesmo caminho", salientou.

"A população chinesa está a envelhecer e terão de transferir manufaturas, seja na Ásia ou para mais longe. Porque não África", questionou.

"A África que todos conhecemos é um continente fragmentado que nasceu da conferência de Berlim", criando "micro-Estados, com mercados fragmentados. "E isso ao longo dos anos tem sido um fator-chave para o investimento", explicou Hyppolyte Fofack.

Essa limitação ao investimento externo constitui uma realidade que limita a operação das instituições financeiras, admitiu o responsável bancário: "Porquê colocar um bilião, cem biliões de investimento, num país com um milhão de pessoas que não consegue vender fora das suas fronteiras".

Por isso, o novo espaço de livre-comércio, que entrou em vigor em 30 de maio, constitui "um momento desafiante" para África.

O continente está hoje, considerou, menos dependente dos preços das matérias-primas e da situação económica de outros blocos regionais.

No entanto, dentro de África, os "países são muito diferentes, em diferentes estádios de desenvolvimento" e a União Africana terá de promover "novos protocolos de investimento e de gestão de emprego" de modo a apoiar as economias mais frágeis.

O acordo prevê o fim de 90 por cento das taxas alfandegárias sobre os bens transacionados e produzidos em cada país, o que poderá levar à duplicação do comércio interno africano nos próximos anos, considerou o economista-chefe do Afreximbank.

África é o continente que tem menos comércio interno, mas o cenário pode mudar.

"Há um potencial associado às economias de escala" e os "custos de financiamento de projeto serão mais baixos" porque terão mercados maiores para trabalhar, defendeu.

PJA // VM

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