Manipulação do clima poderá ser ineficaz na luta contra o aquecimento global
Porto Canal / Agências
Paris, 25 fev (Lusa) -- Um estudo conduzido por investigadores alemães concluiu que a manipulação artificial das condições meteorológicas poderá ser ineficaz na luta contra o aquecimento global se as emissões de dióxido de carbono (CO2) continuarem a aumentar.
O estudo, desenvolvido por investigadores de Kiel (norte da Alemanha), foi hoje publicado pela revista científica Nature Communications.
A manipulação artificial das condições meteorológicas tem vindo a ser estudada de forma cada vez mais profunda pela comunidade científica.
Plantar florestas para "capturar" mais dióxido de carbono, "fertilizar" os oceanos com ferro para melhorar a absorção de CO2 pelo fitoplâncton (plantas aquáticas microscópicas) ou dispersar as partículas na atmosfera para impedir que uma parte dos raios solares aqueçam o planeta são algumas das técnicas experimentais que têm sido objeto de grande interesse por parte dos cientistas.
Os investigadores alemães avaliaram a eficácia potencial, mas também os efeitos secundários potenciais destas tecnologias designadas como "geo-engenharia" num mundo que continua, paralelamente, a emitir cada vez mais gases com efeito de estufa.
"Mesmo aplicados de forma contínua e em escalas tão amplas quanto possível, todos os métodos são, de forma individual, relativamente ineficazes com reduções limitadas do aquecimento global ou têm efeitos secundários potencialmente graves", consideraram os autores do estudo.
Este novo estudo simula a aplicação destas tecnologias no "pior" dos quatro cenários estabelecidos pelo Grupo Intergovernamental de Peritos sobre a Evolução do Clima (GIEC), um cenário que prevê as maiores emissões de gases com efeito de estufa com um aquecimento esperado entre os 2,6 e os 4,8 graus centígrados até 2100.
Mesmo combinadas, estas tecnologias não impediriam, segundo a simulação dos investigadores alemães, um aumento da temperatura média da superfície que excederia em muito os dois graus centígrados.
Estas conclusões mostram, sublinharam os investigadores, que "não devemos depender de tecnologias de geo-engenharia para evitar o futuro aquecimento e que a redução das emissões de CO2 é provavelmente a forma mais eficaz" para enfrentar as alterações climáticas.
SCA // JMR
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