Informático que revelou escândalo de espionagem EUA, diz que não é traidor nem herói
Porto Canal / Agências
Hong Kong, 12 jun (Lusa) -- Edward Snowden, o informático que revelou um vasto programa do Governo dos Estados Unidos de vigilância de comunicações telefónicas, afirmou hoje, numa entrevista, que não é "nem traidor nem herói" e que não vai fugir à justiça.
O jornal South China Morning Post, que o entrevistou em Hong Kong, para onde fugiu depois de revelar o programa PRISM aos jornais The Guardian e Washington Post, afirma que o informático revela na entrevista mais pormenores sobre o sistema de vigilância.
"Não sou um traidor nem um herói. Sou um americano", disse.
Sobre os que o criticaram por ter fugido para Hong Kong, Snowden afirma que não está ali para se "esconder da justiça" mas para "revelar crimes".
O informático de 29 anos assegurou, no entanto, que vai combater qualquer tentativa do Governo norte-americano de o extraditar: "A minha intenção é pedir aos tribunais e ao povo de Hong Kong que decidam o meu destino. Não tenho razões para duvidar do vosso sistema".
Os Estados Unidos não apresentaram até ao momento qualquer pedido de extradição, embora seja esperado que o venham a fazer, sobretudo depois de vários senadores o terem acusado de traição. Apesar de existir um tratado de extradição entre os dois países, especialistas afirmam que um tal processo levaria meses e pode ser bloqueado pelo Governo da China.
No domingo, Snowden, funcionário de uma empresa privada subcontratada pela Agência de Segurança Nacional (NSA), disse ao The Guardian e ao The Washington Post ter divulgado informações confidenciais para informar o público da "máquina de vigilância em massa" montada pela administração norte-americana.
"Não tenho nenhuma intenção de esconder quem sou, porque não fiz nada de errado", disse.
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