Coliseu do Porto recebe duas estreias nacionais de dança numa só noite
Porto Canal com Lusa
Porto, 03 mai 2019 (Lusa) -- O Coliseu do Porto vai receber, no sábado, as estreias nacionais de "Autodance", da israelita Sharon Eyal, e "Skid", do franco-belga Damien Jalet, estreias nacionais no âmbito do Festival Dias da Dança (DDD).
Pelas 22:00, é apresentada "Autodance", uma peça em que os coreógrafos "surgem em cena sem um género definido" e assemelhados a "poderosos centauros", seguida de um intervalo e da apresentação de "Skid", uma "luta direta com um piso cuja inclinação ronda os 34 graus", em ambos os casos espetáculos criados em colaboração com a Companhia de Dança da Ópera de Gotemburgo.
Dirigida pela coreógrafa islandesa Katrín Hall desde 2016, a companhia tem apostado em conteúdo original e tem-se virado para a nova dança dos países nórdicos, apresentando no Porto a segunda colaboração com a israelita Sharon Eyal.
A intenção de "Autodance", estreada na Suécia em 2018, é refletir o conflito entre o movimento "puro" e a coreografia "concertada", combinando a dança com a música eletrónica de Ori Lichtik, acentuando as pernas para assemelhar os bailarinos a "poderosos centauros", além da questão de género que é uma opção recorrente de Eyal.
As questões de género e do automatismo da dança são frequentes no trabalho da israelita, que no ano passado explicou, em entrevista ao The Talks, que a história de qualquer peça de dança "vem de dentro do próprio corpo", em vez de uma decisão racional imposta à coreografia.
Fundadora da companhia L-E-V (2013), ficou conhecida pelas peças fisicamente exigentes e pela colaboração com Gai Behar, que também é creditado pela criação deste espetáculo. A criadora de 48 anos recebeu em 2017 o Prémio da Associação de Críticos de Teatro e Dança de França.
Em "Skid", Damien Jalet coloca os bailarinos da mesma companhia contra a própria gravidade, numa peça de movimento constante em que os desafios apresentados aos 17 intérpretes é o foco da peça, com música de Christian Fennesz e cenografia de Jim Hodges e Carlos Marques da Cruz.
"Esta nova paisagem de possibilidades físicas cria uma reação em cadeia que nos leva a presenciar movimentos perigosos, momentos divertidos e situações comoventes", pode ler-se na apresentação.
Ao longo da carreira, Jalet recebeu vários prémios, entre os quais um Laurence Olivier, em 2011, por "Babel (words)", partilhado com Sidi Larbi Cherkaoui, com a dupla a receber um prémio da United Humans em 2014.
Em 2017, "Thr(o)ugh" foi nomeado para os prémios Faust, na Alemanha.
O coreógrafo de 42 anos, que em 2018 trabalhou com Luca Guadagnino no filme "Suspiria", foi designado Cavaleiro da Ordem das Artes e das Letras pelo Governo francês, em 2013.
Em Antuérpia, apresentou no ano passado "Pelléas et Mélisande", inspirado na música de Debussy, numa colaboração com Marina Abramovic, a sua peça mais recente, já depois de "Skid", estreado em 2017, ter embarcado numa digressão europeia.
Depois das peças no Coliseu, o Rivoli recebe um concerto da brasileira Linn da Quebrada, que faz da música "um espaço de luta pela quebra de paradigmas sexuais, de género e de corpo", e protagonista do filme "Bixa Travesti", exibido pelas 12:00 no mesmo local.
SIF // MAG
Lusa/fim