Trabalhadores da limpeza pedem à Câmara de Gondomar que substitua empresa
Porto Canal com Lusa
Algumas dezenas de pessoas, entre trabalhadoras da limpeza de edifícios públicos e sindicalistas, concentraram-se esta segunda-feira junto à Câmara de Gondomar para pedir à autarquia que rescinda o contrato com a empresa Byeva devido a atrasos nos pagamentos.
Atualizado 30-04-2019 11:48
"Pagam sempre mal e a más horas. No dia 16 deste mês recebemos o mês de março, mas a renda da casa tinha de a pagar até dia oito. E tenho de pôr comida na mesa e pagar contas", disse à Lusa Maria de Fátima Martins.
Esta funcionária da Byeva trabalha há 15 anos na piscina municipal de Baguim do Monte (Gondomar), conta que "há ocasiões em que não há material para trabalhar" e que o atraso no pagamento de salários "acontece todos os meses", gerando "muita incerteza e ansiedade".
Também Joana Ferreira, de 22 anos e a trabalhar nas piscinas de Gondomar, aponta para o mesmo problema, sintetizando: "Não saber o dia de receber é muito difícil".
"Vivo com uma tia e uma prima, trabalho e quero ajudar em casa, mas estar sempre assim sem saber do futuro é muito complicado. Isto acontece todos os meses", referiu.
Esta não foi a primeira concentração de trabalhadoras da limpeza de edifícios públicos - pavilhões e piscinas - em Gondomar, distrito do Porto, onde a Câmara tem contrato com a Byeva.
Já no dia 01 de fevereiro as trabalhadoras pararam, à semelhança de hoje, numa greve que se prolonga até terça-feira.
De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores de Serviços de Portaria, Vigilância, Limpeza, Domésticas e Atividades Diversas (STAD) em Gondomar estão em causa 25 funcionárias, mas a situação de incumprimento, disse a coordenadora nacional, Vivalda Silva, "é nacional".
"Esta é uma prática da empresa em todo o país. Esta é a mesma empresa que ganhou agora um concurso de milhões para os postos da GNR, mas que limpava as faculdades da Universidade de Coimbra e foi substituída. Chegam a pagar ao dia 15 ou dia 20 de cada mês. E estamos a falar de contratos de milhões, mas de salários baixos na sua maioria", descreveu Vivalda Silva.
De acordo com a dirigente, "compreendendo que a autarquia não é responsável pela situação", o STAD vai pedir à Câmara de Gondomar que rescinda o contrato com a Byeva "em nome de questões morais e sociais".
A agência Lusa tentou contactar com responsáveis da empresa, mas até ao momento não foi possível.