Bolsonaro ameaça demitir direção da Funai se órgão não atender a pedidos de índigenas

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Porto Canal com Lusa

Brasília, 18 abr 2019 (Lusa) - O Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, recebeu na quarta-feira líderes indígenas no Palácio do Planalto, em Brasília, e ameaçou "cortar toda a direção da Fundação Nacional do Índio (Funai)", caso o órgão não atenda pedidos dos povos indígenas.

"Assim como o povo brasileiro tem de dizer o que eu vou fazer como Presidente, o povo indígena é que diz o que a Funai vai fazer. Se não for assim, eu corto toda a direção da Funai. Colocamos gente como vocês (índios) lá dentro, para não atrapalhar quem quer o progresso, quem quer desenvolvimento, o bem do Brasil, e quem quer o futuro das suas gerações", afirmou o chefe de Estado brasileiro, numa transmissão em direto na sua página do facebook.

Bolsonaro reuniu-se com líderes índigenas, de diferentes etnias, e ouviu as suas reclamações, muitas delas direcionadas ao desempenho da Funai e de Organizações Não Governamentais (ONGs).

"Estamos em cima da riqueza e continuamos pobres, viemos representar os agricultores que querem plantar. (...) Eles dizem que as terras [indígenas] são das ONGs", declarou o líder indígena Abel Barbosa, da etnia macuxi, do Estado brasileiro de Roraima.

Os indígenas defenderam, perante Jair Bolsonaro, o direito de cultivarem terras e se dedicarem a atividades agrícolas de forma a gerar rendimentos, situação que garantem estar a ser impedida pela Funai.

"Há gente a ganhar dinheiro em nome do índio. A Funai nunca foi visitar, nem verificar como está a situação dos índigenas, nem dizer como eles podem cultivar (as terras). Nunca nos deram apoio. A Funai nunca saiu aqui de Brasília para lá ir. Ficam-nos proibindo. Criamos gado e dizem-nos que não podemos criar. O índio não poder ser fazendeiro. Porque será? Todos somos iguais", frisou ainda Abel Barbosa.

Vinculada ao Ministério da Justiça até ao final do ano passado, a Funai passou a ser subordinada ao Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos no Governo de Bolsonaro, que tomou posse no dia 01 dde janeiro deste ano.

O Presidente do país sul-americano classificou ainda as ONGs internacionais e brasileiras como "picaretas", uma expressão que significa um 'embuste', ou alguém 'interesseira'.

"A reserva 'yanomami' é riquíssima, por isso é que há ONGs a dizer que estão a defender índios lá. Se fossem umas terras pobres, não teria ninguém lá a defender. Ninguém. Como é rica, estão esses 'picaretas' internacionais, 'picaretas' dentro do Brasil, e alguns 'picaretas' dentro do próprio Governo a dizer que protegem os índios", afirmou Bolsonaro, sem mencionar o nome de nenhuma ONG.

O encontro entre o chefe de Estado do Brasil e líderes indígenas ocorreu uma semana antes da capital brasileira sediar a maior mobilização indígena do país, o 'acampamento Terra Livre', promovido anualmente pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), que teceu, recentemente, várias críticas ao executivo.

A coordenadora da APIB, Sonia Guajajara, acusou na passada sexta-feira Jair Bolsonaro de difundir mentiras para "incitar a sociedade contra os povos indígenas".

"(...) Bolsonaro fez uma transmissão em direto e continua a incitar a sociedade contra os povos indígenas. Ele falou '10 mil índios virão a Brasília e será pago com o recurso de vocês'. Ele quer dizer dinheiro público. Grande mentira! O acampamento Terra Livre é custeado por nós!", escreveu a líder indígena na rede social Twitter.

Sonia Guajajara referia-se à transmissão em direto que Bolsonaro realizou na quinta-feira, na sua conta no Facebook, em que, entre outros temas, abordou um encontro de comunidades indígenas a decorrer este mês na capital brasileira.

De acordo com o chefe de Estado, os custos da iniciativa, que levará 10 mil índios a Brasília, capital do país, seriam pagos pelos contribuintes brasileiros, situação que Guajajara negou.

MYMM // FST

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