Associação quer ver empresas europeias na 'liga dos campeões' contra EUA e China

| Economia
Porto Canal com Lusa

Bruxelas, 14 abr 2019 (Lusa) -- A Associação Europeia das Câmaras de Comércio e Indústria (Eurochambres) defendeu hoje a criação de uma estratégia industrial para empresas europeias competirem na 'liga dos campeões' contra os Estados Unidos e China, "aproveitando" a guerra comercial destas potências.

"Precisamos de uma estratégia industrial. Se pensarmos nas 10 maiores empresas do mundo, oito são norte-americanas e duas são chinesas, não há nenhuma europeia e devemos questionar por que é que isso acontece", defendeu em entrevista à agência Lusa, em Bruxelas, o presidente da Eurochambres, Christoph Leitl.

Para o responsável, as regras de concorrência existentes no seio da União Europeia (UE) "limitam a possibilidade de competir com grandes empresas de todo o mundo".

Como exemplo, Christoph Leitl recordou o 'chumbo' da Comissão Europeia, em fevereiro passado, à fusão entre a tecnológica Siemens e a empresa industrial francesa Alstom, que visava criar um novo gigante europeu na ferrovia, para competir com o grupo chinês CRRC e os canadianos da Bombardier.

"Por razões internas, a Comissão rejeitou a fusão porque iria limitar a concorrência, mas, por razões externas, nós talvez precisemos de empresas que consigam competir em dimensão com as companhias norte-americanas e chinesas e é nisso que devemos apostar", referiu o responsável.

Na altura, Bruxelas alegou que o negócio iria "reduzir significativamente a concorrência" na Europa na área dos comboios de alta velocidade.

Para Christoph Leitl urge, porém, "encontrar um equilíbrio entre a concorrência no mercado interno e no mercado externo".

Relacionando esta questão com as eleições europeias de final de maio, o presidente da Eurochambres disse esperar "que a nova Comissão consiga garantir que os europeus jogam na Liga dos Campeões e que não ficam para trás em campeonatos nacionais".

"Precisamos de acompanhar as tendências, os outros estão a fazê-lo. Os norte-americanos são otimistas, acham sempre que as coisas se vão resolver, enquanto os chineses são preocupados e ambiciosos. E os europeus? Estão sempre satisfeitos, acomodados", criticou Christoph Leitl.

Já aludindo à guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, que tem assentando na imposição mútua de tarifas adicionais a produtos de ambos os países, Christoph Leitl realçou que esta é "uma oportunidade" para as empresas europeias.

"Se os Estados Unidos e a China se estão a punir mutuamente com tarifas adicionais, os pontos de venda podem mudar-se para a Europa", propôs, notando que estas potências terão "de arranjar uma saída para o seu conflito e a Europa pode ser uma possibilidade".

Em 2018, os Estados Unidos e a China foram os principais parceiros comerciais da UE, tendo sido, respetivamente, os principais mercados de exportação e de importação.

Na entrevista à Lusa, Christoph Leitl abordou ainda a relação entre a UE e a China, defendendo "regras iguais" em questões como subsídios, respeito pela propriedade industrial e acesso ao mercado.

Na semana passada, a UE e a China realizaram, em Bruxelas, uma cimeira bilateral para discutir as futuras relações comerciais, no âmbito de negociações iniciadas em 2013.

No final da cimeira, o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, garantiu que a China vai continuar a promover a "abertura" do país ao capital estrangeiro, nomeadamente vindo da UE, facilitando o acesso ao mercado e ouvindo reclamações das companhias sobre as dificuldades.

"Espero que consigamos lidar com a China sem ameaças. Os americanos estão a ameaçar, mas eu não sou adepto de ameaças", adiantou Christoph Leitl à Lusa.

Criada em 1958, a Eurochambres representa cerca de 20 milhões de negócios na Europa (incluindo a UE e países como Noruega, Rússia, entre outros), a quase totalidade pequenas e médias empresas (PME), num total de 120 milhões de funcionários.

Ao todo, é composta por 45 câmaras de comércio e de indústria, incluindo a portuguesa.

ANE // CSJ

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