Idai: As vidas reconstruídas em Moçambique

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Porto Canal com Lusa

Nhamatanda, Moçambique, 12 abr 2019 (Lusa) -- Muitos dos moçambicanos desalojados pelo ciclone Idai, no centro de Moçambique, recusam voltar para as terras onde viviam porque agora temem novas inundações no futuro.

Paulina Jacinau, 28 anos, viúva e mãe de três filhos, passou a acolher mais três, que ficaram órfãos após o desabamento de sua casa, com a passagem do ciclone idai num subúrbio de Nhamatanda, Sofala, centro de Moçambique.

A mãe destas crianças é uma das vítimas mortais do ciclone idai, que atingiu Moçambique a 14 de março e cujos rastos, além do luto, continuam a semear incertezas ao futuro de milhares de famílias, depois da água levar tudo.

"Depois de tudo cessar, voltei para casa, tudo está limpo e apenas restou o quintal" disse à Lusa, Paulina Jacinau, adiantando que a vida ficou mais difícil, sem teto e recursos e com o aumento do agregado familiar.

Hoje vive num centro de abrigo, na vila de Nhamatanda, depois de ter sido passado os primeiros dias após o desastre numa sala de aula. Desde o ciclone, tem também a cargo a sua mãe, ferida blocos no desabamento da casa onde viviam.

"Já não tenho ideias de como recuperar a casa", explicou Paulina Jacinau, visivelmente desiludida com a situação. Não tem sequer "uma ponta por segurar para recomeçar a vida", depois de quase perder tudo, utensílios domésticos, roupas e o débil negócio de venda de produtos hortícolas.

A David Luís só lhe resta na memoria a imagem dos cabritos, galinhas e alguns porcos de sua criação, que foram arrastados pela água quando tentava salvar os 12 membros da sua família, incluindo um filho de cinco meses e uma segunda mulher grávida.

"Voltei depois para a minha casa, a situação está muito mal, já não tenho ideia por onde recomeçar, não tem nada" disse à Lusa, David Luís.

No dia do temporal, foi arrastado por 700 metros pela água até chegar à estrada, um ponto mais alto onde pernoitou dois dias, e de onde socorrei alguns familiares.

Com as poucas árvores, também arrastadas, duma floresta já devastada, onde tirava estacas e troncos para produção de carvão vegetal, David Luís, não consegue acertar nas contas para "reconstruir a vida" que perdeu.

"Só posso esperar por algum apoio do governo ou de outra entidade para ter uma casa e dar um lar à minha família", disse David Luís, entre suspiros de desalento.

De uma coisa tem certeza, não quer voltar a casa, na zona de Lamego, por ser uma planície propensa a inundações.

Hoje, com os restantes 12 familiares, David Luís, partilha a tenta tenda com outras sete pessoas, de uma outra família.

Na tentativa de reconstruir a vida, Belita António, que vive no centro de acolhimento de Nhamatanda, gere os três sobrinhos que tem a cargo.

"Por falta de material escolar para as três crianças continuarem a estudar, elas são obrigadas a partilhar um único caderno", explicou.

Cada criança leva o caderno para as aulas e quando regressa passa o material a outra criança, tudo se repetindo nos três turnos da escola do maior centro de abrigo em Nhamatanda.

O ciclone Idai atingiu a região centro de Moçambique, o Maláui e o Zimbabué em 14 de março.

Segundo o último balanço das autoridades moçambicanas, o ciclone fez 602 mortos e 1.641 feridos, tendo afetado mais de 1,5 milhões de pessoas no centro do país.

AYAC // PJA

Lusa/Fim

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