Diretores de hotéis contra aplicação de taxa turística em Évora
Porto Canal com Lusa
Évora, 11 abr 2019 (Lusa) - A Associação de Diretores de Hotéis de Portugal (ADHP) manifestou-se hoje contra a aplicação de uma taxa turística sobre as dormidas no concelho de Évora, considerando que a medida "não tem vantagens".
"Temos uma posição contra" a introdução da taxa turística no concelho, porque "não se encontram vantagens, por várias razões", afirmou hoje delegado regional do Alentejo da ADHP, Miguel Breyner.
O também diretor de um hotel de Évora falava à agência Lusa na sequência da primeira reunião de auscultação de empresários e associações sobre a eventual criação da taxa turística no concelho, que decorreu esta semana, promovida pelo município.
Miguel Breyner alertou que a entrada em vigor da taxa, nesta altura, pode ser "uma decisão errada e em contraciclo com a procura", referindo que existem atualmente "sinais de abrandamento da procura turística".
Évora "ainda não é um destino turístico consolidado, como Lisboa e Porto", tem "pouca maturidade" e encontra-se "numa fase de desenvolvimento e a caminhar" para atingir esse patamar, observou.
O dirigente da ADHP adiantou que "a taxa de ocupação de Évora ronda os 53%" e que os preços médios de alojamento e por quarto disponível (RevPar) "são muito inferiores a outros destinos", considerando que a cidade está "muito longe da chamada pressão turística que se fala muito".
O tipo de turista de Évora "também é diferente", uma vez que a cidade "recebe inúmeros excursionistas, que não pernoitam cá e que apenas a visitam, se calhar, com visitas de meio dia e também causam alguma pressão", assinalou.
Quanto aos que pernoitam, Miguel Breyner notou que estes pagam indiretamente "taxas muito significativas, como as de saneamento e esgotos, recolha de lixo, Imposto sobre Valor Acrescentado (IVA) e imposto municipal sobre imóveis (IMI)".
"Um dos mais importantes segmentos do mercado turístico em Évora é o de grupo, que é muito sensível ao preço. Se aplicarmos esta taxa turística, a tendência será os operadores mudarem os grupos para outras regiões que não tenham esta taxa, inclusivamente para os nossos vizinhos de Badajoz", avisou.
O responsável da ADHP indicou que as unidades de Évora lutam para que a estada média dos turistas chegue às duas noites e defendeu que, com a aplicação da taxa turística, "a tendência será de diminuição".
"Com esta medida, vamos perder competitividade e desviar fluxos turísticos para outras zonas do país", previu Miguel Breyner, destacando ainda a "forte sazonalidade" e a necessidade de "trabalhar, cada vez mais, o segmento de eventos e congressos".
Segundo a câmara municipal, a taxa turística sobre as dormidas está a ser estudada, mas "ainda nada foi deliberado" e "haverá outros momentos de discussão" sobre o tema.
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