Mo Ibrahim diz que ficou "muito surpreendido" com as mudanças em Angola

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Porto Canal com Lusa

Abidjan, 11 abr 2019 (Lusa) - O empresário e filantropo Mo Ibrahim afirmou, em entrevista à agência Lusa, estar "muito surpreendido" com as mudanças políticas em Angola e lamentou a "terrível situação" em que Moçambique se vê envolvido por causa das dívidas ocultas.

"Fiquei muito surpreendido pelas mudanças em Angola porque todos assumimos que o novo Presidente de Angola [João Lourenço], que era um aliado do anterior Presidente e fiel à anterior liderança, seria alguém que iria proteger essa liderança", disse.

Para Mo Ibrahim, quando chegou ao poder, João Lourenço provou ser independente, dando como exemplo a forma como lidou com os filhos do anterior chefe de Estado, José Eduardo dos Santos.

"Não tenho a pretensão de entender em detalhe o que se passa no país, mas adoraria encontrar-me com o Presidente de Angola para tentar perceber como é que ele pensa e o que está a acontecer. É um país africano importante e espero que comecem a prestar atenção à importância da boa governação", considerou.

Por outro lado, o fundador e presidente da Fundação Mo Ibrahim lamentou a situação que atualmente atravessa Moçambique.

"Um dos nossos primeiros vencedores do prémio [Mo Ibrahim de Boa Governação] foi Joaquim Chissano. Moçambique está a atravessar uma situação terrível com todos estes escândalos financeiros, as dívidas, os empréstimos, com o Governo a recusar fazer uma auditoria porque a situação política é muito difícil", apontou.

Neste contexto, o empresário mostrou-se cético relativamente ao assumir do poder por parte de movimentos outrora revolucionários.

"Preocupa-me sempre quando os movimentos revolucionários cheguem ao poder porque o seu comportamento muda. Não acho que os movimentos revolucionários e de libertação tenham sido muito bem-sucedidos na sua transformação de guerrilheiros em partidos de Governo", disse.

Mohamed "Mo" Ibrahim, 73 anos, é um cidadão britânico de origem sudanesa que fez fortuna na área das telecomunicações, tendo criado a Fundação Mo Ibrahim, que divulga anualmente um índice que monitoriza a boa governação no continente e atribui um prémio a governantes africanos que se distingam nesta área.

Os ex-Presidentes de Moçambique e Cabo Verde, Joaquim Chissano (2007) e Pedro Pires (2011) respetivamente, integram a lista de laureados da Fundação Mo Ibrahim.

O prémio Mo Ibrahim foi entregue pela primeira vez em 2007.

Em 2018, não houve qualquer laureado, o mesmo tendo acontecido em outras seis edições anteriores, algo que Mo Ibrahim assegura ter antecipado aquando da instituição do galardão.

"Sabíamos que havia deficiências nas lideranças em África. Estamos tão atrasados [no desenvolvimento do continente] porque os nossos líderes não são suficientemente bons. Não estou desiludido, a boa liderança é difícil. É difícil para os africanos, para os europeus, para toda a gente", disse.

"Vamos continuar a fazer o que estamos a fazer e alguns anos vamos encontrar magníficos líderes, que gostaremos de distinguir e tornar em modelos, e outros anos não encontraremos, mas a responsabilidade é deles e não nossa", acrescentou.

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