Catarina Martins acredita que tenha sido "penoso" ao PS fazer medidas fora do seu programa

| Política
Porto Canal com Lusa

A coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, disse esta segunda-feira acreditar que tenha sido "penoso" ao PS fazer "medidas que não estavam no seu programa" como descongelar pensões, entre outras, respondendo ao líder parlamentar socialista, Carlos César.

Atualizado 26-03-2019 11:10

"Acreditamos que sim, que tenha sido penoso ao PS ter feito medidas que não estavam no seu programa como descongelar pensões, aumentar o salário mínimo nacional, ter de fazer a integração de precários da administração pública no Estado ou mudar leis no combate à violência doméstica que é um dos combates essenciais para combater o patriarcado e para dar igualdade às mulheres", disse Catarina Martins.

No domingo, num jantar com militantes, em Alpalhão, Nisa, o líder parlamentar do PS disse que, desde 2015, os socialistas tiveram de "trabalhar o dobro" e "muito penosamente" com aqueles que "dizem apoiar" o Governo, mas disse estar "muito orgulhoso" com os resultados.

"Tivemos o dobro do trabalho, porque tivemos que trabalhar, como é nossa obrigação, com aqueles que se nos opõem e tivemos que trabalhar, às vezes muito penosamente, com aqueles que nos dizem apoiar", disse Carlos César.

Hoje, num encontro com alunos do Ensino Superior no Instituto de Contabilidade e Administração do Porto (ISCAP), em São Mamede de Infesta, concelho de Matosinhos, numa intervenção com o título "O inimigo da mulher", Catarina Martins respondeu ao líder socialista e depois deu exemplos, nomeadamente no Parlamento, sobre igualdade e desigualdade entre mulheres e homens.

A líder bloquista, que não falou aos jornalistas nem à entrada, nem à saída da iniciativa, contou que "nos últimos três anos e tal, já quase quatro" [referindo-se ao período de acordo legislativo do Bloco de Esquerda com o PS] têm ocorrido "muitas reuniões de negociação para lá das do Parlamento", nas quais, disse, "em boa parte, se não fosse a presença do Bloco de Esquerda, não estava nenhuma mulher".

"O inimigo das mulheres é o patriarcado, a sociedade patriarcal, ou seja, uma forma de organização da nossa vida coletiva, em que é dado aos homens o poder de decidir e retirado às mulheres o poder de decidir. Este desequilíbrio vemos em tudo", referiu.

Catarina Martins analisou vários domínios da sociedade e contou histórias aos estudantes, falando, nomeadamente do domínio do espaço público que lamenta ser "mais dos homens e não das mulheres".

"Alguma mulher aqui presente não conhece a sensação de caminhar em direção a casa à noite com a chave na mão pronta para a rodar imediatamente, com uma sensação de medo? Todas, certo? E algum homem conhece [essa sensação]? Alguns, talvez", exemplificou.

O poder económico, com a maior parte dos cargos de decisão nas empresas entregues a homens, ou o poder judicial e o exemplo de sentenças de tribunais que falam da mulher adúltera como algo que ofende um homem e motiva a violência, foram outros dos exemplos numa hora de conversa que teve direito a várias rondas de perguntas da audiência.

"Vemos também no poder político, onde há mais homens a tomar decisões do que os homens", disse Catarina Martins, para quem "o sistema patriarcal não é só inimigo das mulheres, mas também é inimigo dos homens", assinalou.

"Porque o sistema patriarcal tem por base o domínio de um género sobre o outro e os estereótipos. Acho que uma sociedade de homens e mulheres livres e iguais é igualmente importante para homens e mulheres. O feminismo é a igualdade. O feminismo não é o espelho do machismo. O feminismo é reconhecer que há um problema na sociedade e querer equilibrar os pratos da balança, não é querer tirar nada a ninguém, é distribuir. Quando as mulheres lutaram pelo direito ao voto, nenhum homem perdeu o direito ao voto", analisou.

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