Organização do Porto vai enviar equipa médica para Moçambique durante um mês
Porto Canal com Lusa
A Health4MOZ, organização não-governamental de desenvolvimento (ONGD) sediada no Porto, vai fazer deslocar para a cidade da Beira, em Moçambique, uma equipa médica que permanecerá no terreno um mês para ajudar a população vítima do ciclone Idai.
Atualizado 23-03-2019 12:26
No âmbito da criação do movimento Unidos Pela Beira, aquela ONGD, que há seis anos colabora com Moçambique "na formação pré e pós-graduada em saúde", anunciou em comunicado enviado à agência Lusa que "entre abril e maio terá na Beira uma equipa formada por um cirurgião, dois infecciologistas, um pediatra intensivista, um epidemiologista/saúde pública e por dois enfermeiros de bloco".
O recrutamento de profissionais "será realizado através e com o apoio da Ordem dos Médicos e a seleção feita de acordo com critérios previamente definidos", informa ainda a Health4MOZ, acrescentando que as equipas "vão trabalhar em parceria com os profissionais locais e em estreita colaboração com a Direção Provincial de Saúde de Sofala e a edilidade, aproveitando a experiência no terreno" da ONGD.
A organização liderada por Carla Rego anunciou ainda a intenção de, juntamente com a equipa médica, enviar para a Beira "medicamentos e consumíveis, na maior quantidade possível, recolhidos com apoio da indústria e do Infarmed", esperando poder contar com a "colaboração da TAP" no seu transporte.
"Havendo logística e outros apoios pretendemos manter equipas no terreno, por períodos de um mês cada uma, durante alguns meses", reforçou em declarações à Lusa a especialista, informando que o Instituto de Camões "apoiará a viagem da primeira equipa" enquanto esperam "reunir outros apoios para as seguintes".
Dividida em três missões, a segunda será "em data definir de acordo com a evolução dos acontecimentos" e prevê, com o apoio da Câmara do Porto, "enviar uma equipa de bombeiros /sapadores (equipa de emergência da proteção civil), enquanto a terceira, também em data a definir, será a da "reconstrução e posterior equipamento do Hospital Central da Beira".
Segundo a ONGD, o hospital "foi gravemente danificado, não tem bloco operatório funcionante, as enfermarias não têm teto e o material (já quase inexistente) está danificado", razões para lançarem um "apelo à sociedade civil para que façam os seus donativos e ajudem a Health4MOZ".
A Câmara do Porto revelou hoje à Lusa que vai disponibilizar "apoio de equipas pós-catástrofe" e 100 mil euros para a "reconstrução do hospital" da Beira, em Moçambique.
A Health4MOZ decidiu, entretanto, fazer reverter as receitas dos dois concertos que a World Doctors Orchestra realizará em Portugal, a 20 e 21 de setembro, respetivamente, em Lisboa e no Porto) em favor da Health4MOZ para apoiar a reconstrução e equipamentos do Hospital da Beira.
A Health4MOZ reuniu no domingo com a Ordem dos Médicos e com a Câmara do Porto, cidade geminada com a da Beira, tendo sido criado, "em colaboração com estas duas entidades e ainda com o Instituto de Camões, Ministério da Saúde - DGS, o Ministério dos Negócios Estrangeiros (cooperação) o movimento Unidos Pela Beira", refere a nota de imprensa.
A passagem do ciclone Idai em Moçambique, Maláui e Zimbabué já provocou mais de 300 mortos, segundo balanços provisórios divulgados pelos respetivos governos.
Em Moçambique, o Presidente da República, Filipe Nyusi, anunciou na terça-feira que mais de 200 pessoas morreram e 350 mil "estão em situação de risco", tendo decretado o estado de emergência nacional.
O país vai ainda cumprir três dias de luto nacional, até sexta-feira.
O Idai, com fortes chuvas e ventos de até 170 quilómetros por hora, atingiu a Beira (centro de Moçambique) na quinta-feira à noite, deixando os cerca de 500 mil residentes na quarta maior cidade do país sem energia e linhas de comunicação.
A Cruz Vermelha Internacional indicou na terça-feira que pelo menos 400 mil pessoas estão desalojadas na Beira, em consequência do ciclone, considerando tratar-se da "pior crise" do género no país.
O secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Luís Carneiro, viajou para a Beira, onde dezenas de portugueses perderam casas e bens devido ao ciclone Idai, para acompanhar o levantamento das necessidades e o primeiro apoio às populações afetadas.
No Zimbabué, as autoridades contabilizaram pelo menos 82 mortos e 217 desaparecidos, enquanto no Malaui as únicas estimativas conhecidas apontam para pelo menos 56 mortos e 577 feridos.