"Banda sonora" de Ricardo Neves-Neves e Filipe Raposo regressa ao Teatro S. Luiz

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Porto Canal com Lusa

Lisboa, 21 mar (Lusa) - A fragilidade humana, do teatro e o lado trágico e efémero da vida, marca "Banda sonora", um texto e encenação de Ricardo Neves-Neves com composição musical de Filipe Raposo, que sexta-feira regressa ao Teatro S. Luiz, em Lisboa.

Um ano depois de se ter estreado neste teatro de Lisboa, a peça regressa à sala Luis Miguel Cintra -- sexta e sábado, às 21:00, e, no domingo, às 17:30 -- seguindo, depois, em digressão, com apresentações nos dias 29 e 30, no Cine-Teatro Louletano, em Loulé, e no Rivoli Teatro Municipal, no Porto, em 05 e 06 de abril.

Com base no teatro do absurdo e do universo de filmes de terror, Ricardo Neves-Neves construiu um texto a partir da composição do pianista Filipe Raposo para três personagens, que são interpretadas por seis atrizes, uma vez que cada personagem é composta por si e pelo seu desmembramento, explicou o encenador à agência Lusa, quando da estreia da obra, em março de 2018.

A peça centra-se em três raparigas -- de oito, doze e 15 anos -, sendo a mais nova a mais cerebral, a mais ligada à ciência, a do meio, a que está inserida num contexto social muito ligado às regras e, a mais velha, uma espécie de 'housewife' (dona de casa) de subúrbio dos Estados Unidos, na década de 1950.

Mais do que uma ligação entre as três jovens, o autor e encenador pretendeu pôr em evidência o lado trágico e efémero da vida, e mostrar a pouca importância que muitos dão à vida, mesmo que tal se deva a infantilidade ou ignorância, frisou na mesma altura à Lusa.

A peça foi elaborada em dois meses, num processo inverso àquele a que Ricardo Neves-Neves estava habituado a trabalhar já que construiu o texto sobre a composição do pianista que este mês edita o primeiro álbum de uma trilogia, acrescentou agora o encenador, sublinhando ter-se tratado de uma "tarefa dura", pois, "regra geral, levava um ano a fazer", frisou o também diretor do Teatro do Elétrico.

Relativamente às personagens, Ricardo Neves-Neves disse ter colocado as mais jovens, de 12 anos, como uma espécie de princesas da Mesopotâmia, ou seja, na antiga Síria, mais ou menos no ano 4000 a.C.

A ação passa-se numa floresta, onde não falta uma zona sobrenatural, nem uma dança entre as jovens e as árvores, mais uma vez com ligações ao absurdo, um tema habitual nas criações de Ricardo Neves-Neves.

No final, quando o drama está prestes a atingir uma "zona de morte", eis que as árvores surgem a planar, uma demonstração do "poder que a natureza exerce sobre o ser humano", observou.

O cenário foi montado sobre uma tentativa de juntar a fragilidade do ser humano com um "certo bem-querer" de que este desfruta por parte da natureza, ainda que o encenador assuma que não tenha pretendido com isso transmitir "alguma liução ecológica".

"Isto é mais um exemplo de como o mundo, nos últimos 100/150 anos mudou drasticamente, desde a revolução industrial, e como o ambiente de floresta, que era a coisa mais comum na vida de qualquer pessoa, há cerca de 100/150 anos, agora é para nós um sítio de exceção", sublinhou.

A peça pretende alertar para o facto de existirem seres vivos que têm uma existência curta e, portanto, trágica, mas que, nem por isso, deixam de ser belos e de dar sentido à vida humana. E o sentido trágico está mesmo muito presente em "Banda sonora", ainda que de forma "brincada, com uma certa leveza e algum sentido de humor", frisou o encenador.

"Banda sonora" é interpretada pelas atrizes Ana Valentim, Joana Campelo, Márcia Cardoso, Rita Cruz, Sílvia Figueiredo e Tânia Alves, que têm formação de canto.

A música é interpretada ao vivo pela Orquestra Metropolitana de Lisboa, sob a direção do maestro Cesário Costa.

A direção vocal é de João Henriques e a sonoplastia de Sérgio Delgado.

A cenografia é de Sebastião Soares, os figurinos de Rafaela Mapril.

"Banda Sonora" é uma coprodução do S. Luiz, Teatro do Teatro do Elétrico e Cine-Teatro Louletano.

CP // MAG

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