Díli, 20 mar (Lusa) -- O ministro das Obras Públicas timorense afirmou hoje que o diretor-geral da Eletricidade de Timor-Leste (EDTL) foi exonerado do cargo que ocupava há vários anos para "evitar complacência" e no âmbito de reformas em curso.

"Está na altura de avançar com uma reforma estrutural da EDTL no âmbito de várias reformas e melhorias que queremos fazer a todo o setor", disse à agência Lusa Salvador Soares dos Reis Pires.

"Queremos reformar a EDTL, dar um novo espírito à EDTL, mas também dar oportunidade a outros de subir. Quando as pessoas ficam muito tempo nos cargos pode haver complacência. A mudança é um processo normal", considerou o ministro das Obras Públicas.

O diretor-geral da EDTL, Virgílio Guterres, disse à Lusa ter sido informado na semana passada pela Comissão da Função Pública (CFP) da decisão da sua exoneração, explicando que "de imediato" entregou o cargo à sua sucessora, Arlinda Manetelo.

"Tomaram a decisão no dia 04 de março, mas comunicaram-me apenas no dia 13 de março. Não me deram qualquer explicação para a exoneração", disse, explicando que estava desde 2012 a liderar a EDTL -- que funciona sobre a tutela do Ministério das Obras Públicas.

Guterres explicou que trabalha na EDTL desde 1999 tendo mantido várias funções na instituição, incluindo o cargo de Diretor Geral de Eletricidade e Água (entre 2007 e 2012).

"Não fui chamado por ninguém e ninguém me informou de nada. Foi uma grande surpresa. Penso que deveria ter havido alguma comunicação prévia. Acho que isso é normal numa organização", explicou.

Virgílio Guterres afirmou que além de si foram igualmente exonerados os diretores de Produção e de Transmissão.

Salvador Pires disse que a EDTL tem "tido muitos problemas" incluindo "alguns que deveriam ter sido resolvidos há bastante tempo e não foram, como a manutenção regular das linhas de transmissão".

Considerando haver "problemas de comunicação entre os responsáveis e as equipas", o ministro disse que o objetivo mais amplo é fortalecer e modernizar toda a capacidade da EDTL para que se cumpra "o sonho de fornecer energia estável e em segurança 24 horas por dia".

Parte desse processo, referiu, é a transformação da EDTL em empresa pública, algo que o ministro quer ver materializado "ainda este ano", estando em preparação a lei quadro necessária.

O ministro referiu-se a um conjunto de reformas que vão ser implementadas tanto em termos da transmissão como da distribuição, especialmente na capital de Díli onde os cortes de luz ainda são regulares.

Isso inclui substituir toda a rede antiga, instalada ainda pelos ocupantes indonésios, que continua a existir -- o que vai continuar a obrigar a cortes marcados de duas horas ao fim de semana -- melhorando "todo o sistema radial".

Crucial para isto, explicou, será a construção de uma segunda subestação na zona oeste da cidade, "que permita criar um loop com a existente em Camea/Becora" para permitir responder a eventuais problemas numa das zonas.

"Temos igualmente que modernizar a rede porque agora, quando há uma avaria, os técnicos têm que caminhar ao longo de toda a rede para a detetar. Isto é demorado e pode ser complicado à noite, por exemplo", disse.

"Vamos instalar um sistema melhorado para que centralmente possamos detetar, por GPS, onde está a avaria e assim ter os técnicos a responder mais rapidamente", sublinhou.

O Governo está ainda no processo de adquirir novos contadores pré-pagos para instalar em Díli onde estima há atualmente mais de 30 mil ligações ilegais.

"Esperamos que com a melhoria da rede de distribuição também consigamos detetar quem tente bypass o sistema", disse.

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