Representações internacionais vão continuar a ser feitas por concurso - ministra da Cultura

| Política
Porto Canal com Lusa

Lisboa, 13 mar (Lusa) - A ministra da Cultura, Graça Fonseca, anunciou hoje, em Lisboa, que o modelo concursal para a escolha das representações internacionais portuguesas "é para continuar", numa lógica de comissariado, e com um júri independente.

Graça Fonseca anunciou esta intenção da tutela durante uma conferência de imprensa para apresentar o projeto da representação oficial portuguesa na 58.ª Bienal Internacional de Arte de Veneza, que começa a 11 de maio.

Intitulado "a seam, a surface, a hinge or a knot" ("uma costura, uma superfície, uma dobradiça ou um nó", em tradução livre), o projeto de Portugal, da autoria de Leonor Antunes, e com curadoria de João Ribas, ficará no Palazzo Giustinian Lolin, onde estará instalado o Pavilhão de Portugal, com pré-abertura marcada para 08 de maio.

"Este ano, a representação Portugal na Bienal de Veneza foi escolhida por um júri que teve total liberdade para apreciar as candidaturas, entre curadores e artistas", apontou a ministra, em declarações aos jornalistas.

De acordo com Graça Fonseca, a avaliação feita pelo Ministério da Cultura, conclui que "é um modelo para continuar, porque permite ter uma distância importante entre quem vai fazer a seleção, como vai ser feita a seleção, e do projeto artístico que vai representar Portugal".

Sobre a escolha do projeto da artista Leonor Antunes, apresentado pelo curador João Ribas, ex-diretor do Museu de Serralves, sublinhou a "aplicação inédita" deste modelo concursal.

Promovido em 2018 pela Direção-Geral das Artes (DGArtes), entidade responsável pela organização das representações internacionais portuguesas, o processo lançou o convite a nove curadores para apresentarem propostas.

As candidaturas foram analisadas por uma Comissão de Apreciação constituída por representantes da DGArtes e da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), e constituído um júri que contou, entre outros, com os curadores Sergio Mah e Jürgen Bock e a historiadora de arte contemporânea Catarina Rosendo.

Sobre o projeto de Leonor Antunes, a ministra da Cultura destacou a ligação da arquitetura e do saber fazer: "É muito importante porque cruza diferentes formas de arte, personagens e tempos, e além disso trata-se de uma mulher artista".

Graça Fonseca recordou as participações portuguesas desde 1950, data em que existem registos, e concluiu que, em 20 anos da presença portuguesa, apenas quatro mulheres artistas foram designadas, entre elas Helena Almeida, Joana Vasconcelos e Ângela Ferreira.

Recuando aos últimos 45 anos, só representaram Portugal em Veneza mais duas mulheres - Ana Hatherly e Ilda David - e recuando a 1950, surge ainda o nome de Maria Helena Vieira da Silva.

"É muito extraordinário verificar isto", comentou a ministra, acrescentando que, "ao olhar para o que é a produção e o talento português através das mulheres, percebe-se que há uma sub-representação evidente".

"Isto tem evidentemente, razões sociológicas, mas o que importa é reconhecer que assim é, e ter medidas e políticas públicas que tirem um pouco de invisibilidade o trabalho de mulheres artísticas, que ao longo dos anos, transformaram a cultura e a arte portuguesa", apontou.

Disse ainda que aumentar esta visibilidade "não se faz através de uma comissão ou um júri, porque deve haver liberdade artística, e devem ser selecionadas independentemente do género".

"Mas há uma razão para estes números, que provavelmente não tem a vier com o modelo de escolha, mas com o papel das políticas públicas e não só, as mulheres tiveram ou não visibilidade", acrescentou.

A ministra defendeu que o primeiro passo é conseguir resgatar da invisibilidade através de medidas de política pública que serão anunciadas dentro de um mês.

"Vamos dar a conhecer o projeto em breve. É uma ideia em que estamos a trabalhar em parceria com outras instituições", indicou, apontando que, apesar de ser um projeto próprio, vai cruzar-se com o Plano Nacional das Artes.

Também presente na conferência de imprensa, João Ribas elogiou, tal como a artista, a possibilidade de as representações portuguesas internacionais serem escolhidas por concurso.

João Ribas sublinhou o "trabalho rigoroso" de Leonor Antunes, e classificou-a como uma "artista fantástica, uma das mais importantes do panorama artístico internacional".

Por seu turno, o diretor-geral das Artes, Américo Rodrigues, disse que o projeto de Portugal, este ano, ficará instalado no Palazzo Giustinian Lolin, "localizado numa zona central, que irá dar mais visibilidade".

Questionado pela agência Lusa se o edifício irá acolher outras representações além desta, respondeu que "ainda não está decidido, mas há uma grande probabilidade de ser ainda usado para a Bienal de Arquitetura", em 2020.

A 58.ª Exposição Internacional de Arte vai decorrer de 11 de maio a 24 de novembro deste ano, na cidade italiana, com curadoria do britânico Ralph Rugoff, diretor da Hayward Gallery, em Londres, e terá como tema "Tempos Interessantes", reunindo 91 representações nacionais.

AG // MAG

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