Portugal aposta na sustentabilidade para mostrar setor têxtil em Paris

| Economia
Porto Canal com Lusa

Paris, 14 Fev (Lusa) - A sustentabilidade no mundo da moda é cada vez mais central desde a produção dos tecidos até ao consumidor final e as empresas portuguesas trouxeram a Paris propostas nesse sentido, apostando em tecidos orgânicos, materiais reciclados e tinturas vegetais.

"A indústria tem de apostar nos padrões de sustentabilidade, sem isso não podemos manter capacidade concorrencial. As pessoas hoje tenderão a olhar não só para o produto, mas para a forma como ele é produzido. Não queremos ter empresas que não prestem atenção à higiene e segurança no trabalho, à produção de resíduos que têm de ser minimizados. É um caminho que temos feito", afirmou João Correia Neves, secretário de Estado da Economia, em declarações à Agência Lusa.

João Correia Neves deslocou-se hoje a Paris para estar presente no salão Premiere Vision onde participam 64 empresas portuguesas, abrangendo desde produção têxtil a acessórios.

Esta feira internacional reúne as principais tendências do mundo da moda para a época Primavera Verão 2020 e passam por aqui mais de 60 mil profissionais do setor.

A sustentabilidade é um dos temas principais desta edição e as empresas portuguesas trouxeram também as suas propostas.

A empresa Somelos, fundada em 1958 e que participa nesta feira há cerca de 40 anos, é especializada em camisaria, produzindo anualmente mais de cinco milhões de metros de tecido para marcas como Gucci ou Dolce & Gabbana e reconhece o desafio.

"É uma aposta recente e é uma tendência que algumas marcas já vão pedindo, temos que ter isso. É um caminho sem retorno. A sustentabilidade nasceu no mercado médio e nós estamos já num patamar médio-alto onde há ainda um caminho a fazer. Há um desafio pela frente", admitiu Paulo Melo, administrador da Somelos e presidente da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal - responsável por trazer a esta feira quase 40 empresas nacionais através do financiamento do Programa 2020/Compete 2020.

Para responder às exigências das marcas, também a empresa Troficolor, fabricante nacional de gangas e com larga experiência nestas feiras internacionais, produziu no final de 2018 um folheto especial para mostrar aos clientes de onde vem o seu algodão orgânico e o seu algodão e 'polyester' reciclados.

"Somos uma empresa certificada e tentamos potenciar a sustentabilidade. É realmente um foco, é uma preocupação da empresa e daí termos dentro da nossa coleção uma subfamília só dedicada a produtos orgânicos e a produtos reciclados", disse Patrícia Magalhães, responsável pela área internacional da Troficolor, mostrando um modelo de calças com acabamento indigo vegetal em vez do tradicional indigo químico, mais poluente.

Aliar materiais que à partida não fariam um sapato convencional é a aposta da Absolute Target, empresa nacional que marca presença pela primeira vez na Premiere Vision, em Paris.

Em colaboração com a marca espanhola TireSouls, que recicla pneus e os transforma em solas de sapatos, a empresa portuguesa desenvolve linhas de sapatos sustentáveis para diferentes marcas, assegurando também a sua produção.

"Por norma, utilizamos pneus que nunca foram utilizados, mas foram feitos e, por algum motivo iriam para o lixo. Já temos marcas que estão mesmo a comercializar, incluindo uma marca alemã que já fez coleções tanto de homem como mulher com este tipo de solas. As marcas que nos contactam já têm uma identidade 'eco-friendly'", afirmou a diretora comercial da Absolute Target, Bruna Alves.

A participação portuguesa é apontada pela direção desta feira como "original" e de "grande qualidade".

"Portugal encontrou uma posição interessante e que explica o sucesso do país neste setor, por conseguir misturar um nível muito bom de produção, muito industrial, com muita qualidade e com muita originalidade", considerou Philippe Pasquiet, diretor geral do grupo que organiza a feira Premiere Vision, em declarações à Agência Lusa.

CYF // EA

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