Associação quer que Câmara de Viseu pare demolição de bairro social

| Norte
Porto Canal / Agências

Viseu, 11 jun (Lusa) -- A associação Olho Vivo exorta a Câmara de Viseu a suspender a demolição de um bairro social, conhecido por Bairro da Cadeia, e a avançar com a sua classificação como património de interesse municipal.

A Olho Vivo -- Associação para a Defesa do Património, Ambiente e Direitos Humanos tinha enviado à Direção Regional de Cultura do Centro (DRCC) um requerimento de classificação do Bairro Municipal (ou Bairro da Cadeia), construído na segunda metade da década de 1940.

"Recebemos agora uma comunicação da DGPC (Direção-Geral do Património Cultural) dando-nos conta do arquivamento do pedido de abertura do procedimento de classificação, uma decisão fundamentada no parecer da DRCC", refere, em comunicado, o coordenador do núcleo de Viseu da Olho Vivo, Carlos Vieira.

No entanto, segundo o responsável, a DGPC informa que enviou cópia do processo à Câmara, "para ponderação de eventual classificação do Bairro Municipal de Viseu como de interesse municipal".

O parecer da DRCC considera este bairro um "elemento valorizador da cidade" e lembra que ele se engloba "numa estratégia definida pelo Estado Novo, em matéria de habitação e urbanismo, a Política de Casas Económicas".

"Este tipo de bairros fazem parte não apenas de uma época construtiva, mas também da paisagem edificada portuguesa e são ainda representativos de uma memória que desaparecerá na medida do seu desaparecimento, visto que o conceito de 'bairro' implica não apenas a arquitetura pela qual é constituído, mas também a parte social e humana", acrescenta.

Neste âmbito, e apesar de considerar que o bairro não reúne condições para uma eventual classificação como monumento de interesse nacional ou de interesse público, a DRCC entende que "seria passível de ser classificado como monumento de interesse municipal".

"Visto que, nesta fase, apenas está prevista a demolição de algumas destas casas, resta-nos que, em consciência, a autarquia venha a entender que a importância e a singularidade deste conjunto vale o repensar da situação, quem sabe poupando o que resta do bairro, de forma a que até talvez seja possível ponderar ainda a classificação do conjunto restante como interesse municipal", refere o parecer.

O documento defende que a autarquia "venha também a demonstrar disponibilidade de recuperar as habitações que se encontram muito degradadas e/ou descaracterizadas, por hipótese, com o apoio dos moradores".

Na opinião de Carlos Vieira, este parecer vem dar razão à Olho Vivo, quando disse que a demolição do Bairro Municipal era "um crime de lesa património".

O responsável entende que é também "um crime social, sobretudo numa altura de crise", em que as autarquias recebem "cada vez mais pedidos de habitação social" e, em Viseu, "se pretende retirar 106 fogos da sua função social, arrasando um bairro inteiro para construir apenas, no total dos blocos previstos, 56 habitações sociais".

Contactado pela agência Lusa, o vereador Hermínio Magalhães disse não estar prevista a classificação do bairro como património de interesse municipal e que "a Câmara entendeu que o seu valor ficará preservado com a manutenção de onze casas, entregues ao movimento associativo".

No entanto, segundo Carlos Vieira, o parecer também dá razão à associação neste aspeto.

"Relativamente à transformação destas onze casas numa espécie de 'monumento póstumo' ao Bairro Municipal, não nos parece que se vá conseguir deste modo manter viva a memória do bairro, exatamente pelo facto do conceito de 'bairro' implicar não apenas a arquitetura que o constitui, mas também a parte social e humana", pode ler-se no documento.

Na opinião de Hermínio Magalhães, "as casas do bairro não têm condições para as pessoas viverem com dignidade, porque são muito pequeninas e têm compartimentos muito pequenos".

A primeira fase de demolição do bairro começou no final do ano passado. Até ao momento foi demolida uma dezena de casas e realojadas seis famílias.

AMF // SSS

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