Os presidentes das câmaras de Gondomar, Paredes e Valongo admitiram esta sexta-feira poder não integrar o concurso relativo ao contrato de serviço público de transporte de passageiros na Área Metropolitana do Porto, caso não seja “benéfico” para as suas populações.

Atualizado 26-01-2019 11:59

“Vamos ponderar e estudar essa questão dado o aparecimento de novas circunstâncias”, disseram durante a reunião do Conselho Metropolitano do Porto.

Esta tomada de posição surge depois de a Câmara Municipal do Porto anunciar que, a partir de 05 de fevereiro, linhas de operadores privados de transportes públicos ficam impedidas de entrar no centro do Porto (Bolhão), deixando os passageiros na estação de metro do estádio do Dragão.

Em causa estão alterações nas carreiras de serviço público que entram na cidade do Porto, vindas de concelhos vizinhos, pelo canal de S. Roque da Lameira, uma opção que tem gerado polémica.

O autarca de Gondomar, Marco Martins, admitiu que este “novo cenário” põe em causa a segurança, o conforto e a tranquilidade das pessoas.

Por esse motivo, a autarquia vai ponderar e refletir se perante as novas circunstâncias “vale a pena” ir a concurso global, em conjunto com concelhos vizinhos ou sozinha.

Marco Martins revelou que, nos próximos dias, irá reunir com autarcas e operadores para discutir a questão.

“Se as linhas são só nossas e não vão para fora do território não há qualquer interesse em ir a concurso global. Por exemplo, em Lisboa, o Município de Cascais foi sozinho [a concurso] e, naquilo que é metropolitano, nomeadamente, o passe único e bilhética está conciliado com os restantes”, referiu.

O presidente adiantou ainda que vai analisar se indo a concurso global não está a prejudicar a sua população e onerar mais a câmara porque, recordou, depois a receita será repartida por validações.

Sobre esta decisão da Câmara Municipal do Porto, Marco Martins, confessou ter ouvido “falar dessa intenção” numa reunião de 03 de dezembro de 2018, tendo depois reunido com Rui Moreira a 07 dezembro, ficando a saber “o resto da história” pelos jornais.

Alinhado com a posição do homólogo de Gondomar, o autarca de Valongo, José Manuel Ribeiro, assumiu que vai ponderar a adesão ao concurso global porque está a ser confrontado pela primeira vez com um dado novo.

“Estamos há mais de um ano a trabalhar na Área Metropolitana do Porto com um cenário que agora está a ser alterado. Estas coisas mexem com a vida das pessoas, como é óbvio”, frisou.

Revelando ter enviado uma carta esta semana ao autarca do Porto, Rui Moreira, o presidente de câmara entendeu ser essencial haver uma “ponderação sensata” das decisões porque é da vida das pessoas que se trata.

“A Área Metropolitana do Porto só é Área Metropolitana se as pessoas forem todas respeitadas”, vincou, acrescentando que estas situações criam “discriminação”, dando a ideia de que umas são cidades de primeira e outras de segunda.

José Manuel Ribeiro salientou que as pessoas dos concelhos vizinhos têm de ir ao Porto porque é lá que estão os grandes hospitais, universidades e serviços e, portanto, o Porto “têm de perceber isso” e não tomar decisões que “impactem negativamente” a vida das pessoas.

Esta posição do Porto apanhou todos de surpresa, confessou, dizendo que há mais de um ano que a Área Metropolitana está a trabalhar com técnicos num cenário que deixou de ser cenário.

“Vamos conversar e ver o que melhor serve os interesses das populações”, terminou.

“Admitimos não fazer parte do concurso”, frisou o presidente da Câmara de Paredes, Alexandre Almeida.

Apesar de assumir que as pessoas do concelho afetadas por esta alteração de linhas são menos do que as de Gondomar e Valongo, o autarca de Paredes revelou que enquanto não entrar em funcionamento o passe único, em termos económicos são as mais afetadas.

“Como estamos integrados no Andante, os passageiros teriam dois custos, o custo do bilhete do autocarro e, de seguida, do metro”, esclareceu.