Cerca de duas centenas manifestam-se contra exploração de urânio junto à fronteira com Portugal

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Porto Canal com Lusa

Freixo de Espada à Cinta, Bragança, 19 jan (Lusa) - Cerca de duas centenas de portugueses e espanhóis manifestaram-se hoje na fronteira de Saucelle, a seis quilómetros de Freixo Espada à Cinta, para protestar contra a abertura de uma mina de urânio na província espanhola de Salamanca.

Os manifestantes, construíram um cordão humano e gritaram palavras de protesto contra a abertura de uma mina de urânio nas proximidades da localidade espanhola de Retortillo-Santidad, na província de Salamanca.

Nuno Sequeira, da Quercus, disse que espanhóis e portuguesas estão unidos contra a instalação de uma mina de urânio a céu aberto, em território transfronteiriço, e a prova foi a presença nesta manifestação de 200 pessoas de ambos os lados da fronteira.

"Achamos que estes projetos de exploração de urânio a céu aberto não são o futuro para esta região, são iniciativas que têm muitos impactos no meio ambiente, a começar pela contaminação dos recursos hídricos que poderão chegar ao rio Douro. E são também projetos que terão impactos negativos na biodiversidade e na saúde pública", indicou o ambientalista.

Segundo a Quercus, o atual Governo espanhol é mais sensível para estas questões ambientais, mas estes projetos de exploração de urânio a céu abertos têm de ser suspensos.

Estes projetos têm de ser cancelados definitivamente para que outro governo que entre em funções em Espanha não tenha a tentação de os reativar, vincou Nuno Cerqueira.

Segundo o ambientalista o projeto Retortillo-Santidad, continua com maquinaria no local da exploração e com estaleiros e escritórios montados.

"Contudo não tem autorização para avançar com o projeto porque não há licença para a construção de um armazém de concentrados, mas a empresa continua no local à espera ", observou o responsável da Quercus.

Por seu lado, José Ramón Barrueco, da plataforma espanhola Stop Urânio, referiu que há problemas de convivências entre as populações vizinhas do local da mina, já que uns defendem o empreendimento e outros não.

"A maioria das pessoas está contra a instalação da mina. Contudo, há outros estão favor, já que foram iludidos com a criação de posto de trabalho, já que a empresa manipulou as pessoas com a possibilidade de que sirvam de escudo contra os que não querem o empreendimento no território", disse o ambientalista espanhol.

Os ambientalistas espanhóis acreditam que "há bons indicadores" que permitem parar os projetos mineiros de prospeção de urânio a céu aberto.

A presidente da Câmara de Freixo de Espada á Cinta, Maria do Céu Quintas, também marcou presença na manifestação e disse à Lusa que nunca foi contactada oficialmente sobre esta problemática.

"O que vou sabendo é pela comunicação social e pelos movimentos ambientalistas", vincou.

Em junho de 2016, os habitantes de Boada, na província de Salamanca, fizeram soar o alarme e pediram aos portugueses residentes em zonas fronteiriças próximas que os ajudassem a combater um projeto de exploração de urânio previsto para o território de Retortillo.

A zona raiana em questão está incluída na Rede Natural 2000 e muito próxima de uma das portas de entrada do Parque Natural do Douro Internacional, o que colocaria em causa, na opinião dos ambientalistas portugueses e espanhóis, todo um ecossistema e a sua qualidade ambiental ao nível do ar e da água.

O projeto, da empresa Berkeley, previa um investimento total de 250 milhões de euros, a criação de 450 postos de trabalho diretos e 2.000 indiretos, estando o começo da produção previsto para 2019.

António Minhoto, dirigente da Associação Ambiente em zonas Uraníferas, apontou que em Portugal também há problemas com 66 minas de urânio que deixaram de laborar há mais de 40 anos e ainda continuam a ser um problema ambiental.

"Minas que fecharam há mais de 40 anos ainda continuam a ter um impacto negativo no ambiente provocado por águas radioativas que é preciso controlar e isso anda não foi feito devidamente" alertou o antigo mineiro.

Segundo o ativista, o Estado português havia garantido que em 2018 estaria tudo encerrado, isso ainda não aconteceu, e agora avança para 2022.

FYP // HB

Lusa/fim

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