CDOS indica que corporações do Porto reportam ocorrências ignorando apelo da Liga dos Bombeiros

CDOS indica que corporações do Porto reportam ocorrências ignorando apelo da Liga dos Bombeiros
| Norte
Porto Canal com Lusa

A Comissão Distrital da Proteção Civil do Porto indicou este domingo que as corporações de bombeiros do distrito estão a reportar para o Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS), ignorando o apelo da Liga dos Bombeiros Voluntários (LBP).

Em declarações à agência Lusa, o presidente da Comissão Distrital da Proteção Civil do Porto, Marco Martins, disse que até às 16h00 horas deste domingo 43 dos 45 corpos de bombeiros do distrito estavam a reportar as ocorrências.

O responsável, que é também presidente da câmara de Gondomar, elogiou o comportamento dos operacionais e comandantes, classificando o apelo da LBP de suspender as comunicações, de "irresponsável".

"E o facto de estarem 43 em 45 a reportar, não quer dizer que as outras duas não o estejam a fazer. Essas corporações podem não ter registado qualquer situação. Os bombeiros estão a cumprir, o que não quer dizer que não estejam preocupados com a legislação. Eu próprio acho que algumas alterações que têm de ser corrigidas. Mas isto mostra o sentido de responsabilidade dos operacionais e comandantes. Não misturam a discussão dirigente com a importância do socorro às populações", disse Marco Martins.

O Conselho Nacional da Liga dos Bombeiros Voluntários (LBP) aprovou sábado "por unanimidade e aclamação de pé" suspender toda a informação operacional aos Comandos Distritais de Operações de Socorro (CDOS) a partir das 24:00 desse dia.

"O Conselho Nacional da Liga dos Bombeiros Portugueses, reunido hoje em Santarém, deliberou por unanimidade e aclamação de pé, suspender toda a informação operacional aos respetivos CDOS, a partir das 24 horas do dia 08 de dezembro de 2018", é referido numa nota assinada pelo presidente da LBP, Jaime Marta Soares.

Em causa estão as propostas aprovadas pelo Governo em 25 de outubro na área da proteção civil, com a maior contestação centrada nas alterações à lei orgânica da Autoridade Nacional de Emergências e Proteção Civil, futuro nome da atual ANPC, reivindicando a LBP uma direção nacional de bombeiros "autónoma independente e com orçamento próprio", um comando autónomo de bombeiros e o cartão social do bombeiro.

Reportar significa comunicar sempre que sai uma viatura, uma ambulância, um veículo de combate a incêndio ou de desencarceramento, entre outros, bem como quando há situações que o protocolo assim o define ou quando é feito um ponto de situação de cada ocorrência.

Marco Martins disse à Lusa que no distrito do Porto as corporações não estão a seguir o concelho da Liga, um apelo que, considerou, "não abona em prol do socorro e das populações".

"Não ponho e causa que não se tenham de fazer correções na legislação, mas o que a Liga fez é uma tomada de posição irresponsável. Se não houver comunicação da saída de viaturas, quer dizer que cada um está a trabalhar por si. Isso pode originar duplicações de médios acionados e pode levar a que para uma determinada ocorrência não vá nenhum meio de socorro", descreveu o responsável.

O presidente da Comissão Distrital da Proteção Civil do Porto acrescentou que também cabe ao CDOS fazer a ponte com outras entidades, enumerando a Brisa, GNR, PSP, INEM, entre outras, concluindo: "O papel do CDOS é muito importante para o bem-estar das populações".

A página internet da Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) registava hoje, entre as 00:00 e as 13:00, menos 37% de ocorrências face a igual período do passado domingo, situação mais visível nos distritos de Lisboa e Aveiro.

De acordo com dados recolhidos pela Lusa, a madrugada e manhã de hoje registaram, a nível nacional, 173 ocorrências contra 272 há uma semana.

Em Lisboa, o distrito que habitualmente regista mais ocorrências no total do continente, naquele período de 13 horas a ANPC apenas registava 14 ocorrências, contra 49 no passado domingo, menos 71,5%.

Aveiro era, porém, o distrito do país com menos ocorrências registadas hoje, no mesmo período (apenas quatro, a última das quais às 04:29), quando no domingo passado tinham sido divulgadas 29 e em Braga o número de ocorrências caiu para metade, de 20 para 10.

Havia no entanto distritos onde o número de ocorrências era praticamente idêntico ou mesmo superior às registadas há uma semana, no mesmo período: por exemplo, o Porto tinha hoje 49 (41 no dia 02), Setúbal passou de 22 há uma semana para 17 hoje e Faro de 19 para 12, enquanto em Santarém subiram de 13 para 22.

De acordo com uma fonte ligada à proteção e socorro, ouvida pela Lusa, a variação no número de ocorrências decorre da própria natureza dos acidentes (não há dias iguais e as variações do número são normais, até face a outras condicionantes, como as condições climatéricas), mas também, no caso concreto do protesto, porque a ANPC, embora podendo saber que existe uma determinada ocorrência e onde, pode não a divulgar por não saber o seu estado e os meios envolvidos.

Outra fonte explicou que os bombeiros que estão a aderir ao protesto, continuam a receber chamadas de socorro (ou diretamente na corporação ou através do número nacional de emergência 112) e a responder a essas solicitações, mas sem indicar à ANPC, através dos comandos distritais, que meios enviam para uma situação de acidente, incêndio ou emergência de saúde e o estado da ocorrência, quando esta terminar, por exemplo.

Deste modo, a Proteção Civil apenas saberá que existe uma ocorrência (porque a regista quando o 112 recebe a chamada) mas não o desenvolvimento da mesma, se a corporação que acionar meios para o local -- habitualmente a que se encontra mais perto -- aderir ao protesto e não lhe fornecer as referidas informações.

Do mesmo modo, caso a corporação de bombeiros receba a chamada de socorro por parte de alguém em perigo diretamente no quartel, a ANPC poderá nem saber que existe uma ocorrência, porque esta não lhe é comunicada.

+ notícias: Norte

Condutor foge após despiste aparatoso em Famalicão

Um veículo ligeiro despistou-se na madrugada desta quinta-feira na Avenida S. Silvestre, na freguesia de Requião, no município de Vila Nova de Famalicão, comunicou os Bombeiros Voluntários daquela região do distrito de Braga.

Inaugurado há dois meses, elevador da passagem superior na Aguda já avariou

A passagem superior da Aguda, em Vila Nova de Gaia, sobre a Linha do Norte, inaugurada há dois meses, está inacessível, na zona poente, a pessoas de mobilidade reduzida por avaria do elevador, constatou esta quinta-feira a Lusa no local.

Criança de nove anos atropelada em Vila Nova de Famalicão

Uma criança de nove anos foi atropelada na manhã desta quinta-feira, e ficou gravemente ferida, em Vale S. Martinho, no concelho de Vila Nova de Famalicão, confirmou ao Porto Canal fonte do Comando Sub-Regional do Ave, em Fafe.