Europeias: Paulo Sande admite "momento decisivo" para Aliança mas espera "três ou quatro" eurodeputados

| Política
Porto Canal com Lusa

Lisboa, 09 dez (Lusa) - O cabeça de lista da Aliança às europeias, Paulo Sande, admite que o resultado de 26 de maio será decisivo para o futuro do partido, mas manifesta a convicção de que é possível eleger "três ou quatro" eurodeputados.

"Julgo que a Aliança tem direito a acreditar que pode eleger mais do que um deputado, eventualmente dois, talvez três. Eu diria que entre três e quatro seria um número aceitável. Seria uma boa meta. Se for mais, fantástico. Se for menos, enfim, não é derrota nenhuma", comenta Paulo de Almeida Sande, em entrevista à agência Lusa.

Questionado se o resultado neste primeiro embate eleitoral poderá determinar a dinâmica do partido criado pelo ex-primeiro-ministro Pedro Santana Lopes, pela positiva ou pela negativa, o cabeça de lista da Aliança concorda e reconhece uma "eleição decisiva".

"Claro que tenho essa consciência, uma consciência pintada de responsabilidade", assume, já depois de afirmar: "Sei que para a Aliança este é um momento decisivo. Isso acresceu à responsabilidade que já sentia".

O especialista em Assuntos Europeus e conselheiro do Presidente da República espera ter Pedro Santana Lopes ao seu lado, na campanha eleitoral, até porque "seria uma grande ajuda, muito útil e importante".

"Ele tem uma experiência política e partidária que eu não tenho. Portanto, saberá muito melhor os momentos, as mensagens, a forma de fazer do que eu", reconhece.

Quanto à apresentação da lista da Aliança às europeias, refere que ainda vai "demorar algum tempo", porque tem de ser composta por "pessoas credíveis", que comuniquem e transmitam a ideia de que "isto tem de ser uma realidade dos portugueses todos".

Paulo Sande diz estar fora dos seus planos aderir à Aliança, mesmo que seja eleito para o Parlamento Europeu, porque toda a vida foi independente e não será agora que irá mudar.

"Gosto de fazer as coisas livremente, respeitando as pessoas com que trabalho, mas nunca enfeudando, nunca fazendo parte de um grupo em que, obrigatoriamente, tenha de aceitar determinado tipo de regras e comportamentos", explica.

Define-se como "uma pessoa de direita, centro-direita, um liberal com preocupações sociais", mas alerta que "a liberalização tem de ser regulada, não caótica" e "o Estado deve ter a intervenção necessária, não mais que isso".

"Ser liberal não é ser neoliberal. Sou um liberal na economia, se calhar menos nos costumes. Mas, não um liberal de esquerda sociocultural, mas no sentido de menos Estado, de uma sociedade que funcione mais livremente no respeito de todos e com regulação", acrescenta, recusando-se a desvendar se havia um partido em que votasse de forma sistemática, embora assumindo ter votado em Marcelo Rebelo de Sousa , quando era líder do PSD, há cerca de 20 anos.

Da mesma forma, elogia os vários Presidentes da República, mas escusa-se a apontar um preferido, mesmo quando se retira Marcelo Rebelo de Sousa do lote de escolhas, recordando que trabalhou de perto com Mário Soares, mas optando pelo politicamente correto de dizer "foram todos bons cada um no seu tempo".

Pede ainda desculpa por não responder à questão se, nas legislativas do próximo ano, a Aliança pode abrir caminho à maioria absoluta do PS ao 'roubar' uma parte dos votos do PSD.

Quanto à campanha, acentua: "Vou fazer os possíveis para que as pessoas percebam que a Europa é delas".

Apesar de ser "europeísta convicto", reconhece que na União Europeia "há coisas que têm de mudar porque justamente não estão a correr bem".

"Que as pessoas queiram mudar as coisas, não é euroceticismo, é apenas ser realista e dizer que 'isto tem de mudar porque não corre bem' e isto que não corre bem é o que a Aliança vai também dizer, espero de uma forma clara, credível e completa", refere, traçando como fronteira em relação ao euroceticismo "a negação da ideia da integração Europeia como uma coisa que é boa para a Europa e, sendo boa para a Europa, é também para os países e para os cidadãos desses países".

Paulo Sande recusa-se a optar por um grupo europeu em particular. "Não sei quais são as famílias políticas que vão resistir ao 'terramoto' do ano que vem", diz, admitindo, contudo, que a Aliança se integrará no espaço em que está o Partido Popular Europeu ou os liberais.

Já sobre os 'spitezenkandidat', candidatos dos grupos do Parlamento Europeu à presidência da Comissão Europeia, entende que os nomes até agora propostos "são aceitáveis".

"Gostava de ver um presidente da comissão que fosse verdadeiramente atuante, que acreditasse nisto e percebesse que é preciso mudar tudo, inclusivamente a parte da transparência e a forma como as instituições se relacionam com as pessoas".

Questionado se os líderes partidários, como Santana Lopes e Assunção Cristas, devem manter-se em espaços de comentários nos órgãos de comunicação social, Paulo Sande responde: "Se calhar, não era preciso que as coisas fossem assim... Até porque há comentadores que veem de uma forma mais objetiva...Até aqui Portugal foi inovador... mas, não me parece mal porque toda a gente o está a fazer", afirma, apesar de vincar que "a primeira coisa" que fez após o anúncio da sua candidatura foi acabar com o espaço de comentário que tinha no jornal 'online' Observador desde o lançamento.

JPS /MDR // VAM

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