Insolvência da MSF afeta perto de 400 trabalhadores
Porto Canal com Lusa
Redação, 03 dez (Lusa) -- O pedido de insolvência da MSF Engenharia afeta "cerca de 400 trabalhadores, que têm no mínimo seis meses de salários em atraso", segundo um comunicado do Sindicato da Construção de Portugal.
O Conselho de Administração da MSF Engenharia apresentou um pedido de insolvência da empresa, de acordo com a informação avançada à agência Lusa pela construtora, que diz ter "esgotado todas as vias para evitar este desfecho".
Em comunicado, o Conselho de Administração da MSF Engenharia afirma que a empresa não consegue assegurar recursos financeiros "para fazer face às despesas da sua atividade, em particular os salários vencidos".
O sindicato, por sua vez, acredita que esta situação é apenas uma entre muitas.
"Estamos certos de que se não forem tomadas medidas rapidamente, mais empresas portuguesas recorrerão a processos de insolvência", refere a mesma nota, garantindo que esta situação "vai contribuir para o aumento do desemprego e para uma maior emigração".
A estrutura sindical aponta o dedo às dívidas de Angola e quer envolver os poderes políticos na resolução da questão.
"Dada a grave situação de tesouraria de muitas empresas que estiveram a trabalhar em Angola e também as que por lá continuam, que é insustentável, o sindicato vai pedir uma audiência de caráter urgente ao primeiro-ministro para o sensibilizar a fim de que tome medidas diplomáticas para que empresas como a MSF Engenharia, S.A. não continuem a desaparecer", lê-se no comunicado.
A empresa portuguesa, com 49 anos de história e um vasto curriculum de realização de grandes projetos em Portugal e no estrangeiro, encontrava-se em Processo Especial de Revitalização (PER), com a reestruturação do passivo e a contratação de um financiamento sujeito a determinadas condições de desenvolvimento do negócio.
"A grave crise que o setor da construção atravessa em Portugal devida à drástica redução de investimento público, especialmente nos últimos seis anos, conjugada com a diminuição dos contratos nos mercados internacionais da empresa, condicionados pelos baixos preços do petróleo sentidos no mesmo período, limitou a atividade da empresa e criou-lhe enormes dificuldades financeiras", justifica a administração.
Depois disso, continua, a "inesperada indisponibilidade, recentemente manifestada, dos financiadores para flexibilizar essas condições [do PER], acrescida pela indisponibilidade, transmitida em simultâneo, para apoiar a emissão de garantias bancárias necessárias à atividade futura da empresa colocaram em causa a viabilidade desse plano".
Segundo a MSF, também "os intensos esforços entretanto desenvolvidos, incluindo os efetuados no plano diplomático pelo Governo de Portugal, para obter uma solução para a volumosa dívida do Governo de Angola nos últimos meses, revelaram-se infrutíferos".
A empresa enfrentou problemas com obras no estrangeiro, que agravaram a sua situação, nomeadamente no Gana e Qatar.
A construtora registou um recorde de faturação de 510 milhões de euros, em 2011, que se reduziu para 120 milhões em 2015 (80% no exterior), tendo após isso registado pesados prejuízos (57 milhões, no biénio 2014/15).
ALYN (ICO) // CSJ
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