Atividade industrial da China recua para nível mais baixo em mais de dois anos

| Economia
Porto Canal com Lusa

Pequim, 30 nov (Lusa) - A atividade da indústria manufatureira da China recuou, em novembro, para o nível mais baixo em mais de dois anos, aumentando a pressão sobre Pequim, em plena guerra comercial com os Estados Unidos.

O Gabinete Nacional de Estatísticas (GNE) chinês revelou que o índice, que mede a atividade nas fábricas, oficinas e minas da segunda maior economia mundial, caiu para 50 pontos, depois de se ter fixado nos 50,2 pontos, em outubro.

Trata-se do pior desempenho desde julho de 2016, quando o PMI se fixou nos 49,9 pontos.

Quando se encontra acima dos 50 pontos, o Índice dos Gestores de Compras (PMI, na sigla em inglês) sugere uma expansão do setor. Abaixo dessa barreira pressupõe uma contração da atividade.

A Associação de Logística e de Compras da China afirma num relatório que a atividade económica do país "continua em trajetória descendente", e culpa a fraca procura doméstica pelo declínio.

Em maio passado, o índice atingiu o ponto mais alto este ano, quando alcançou os 51,9 pontos. Contudo, a segunda maior economia mundial tem abrandado, à medida que Pequim restringe o acesso ao crédito, depois de a dívida pública e privada quase ter duplicado nos últimos dez anos.

Na última década, enquanto as economias desenvolvidas estagnaram, o país asiático construiu a maior rede ferroviária de alta velocidade do mundo, mais de oitenta aeroportos e dezenas de cidades de raiz, alargando a classe média chinesa em centenas de milhões de pessoas.

Mas os reguladores têm gradualmente dificultado o acesso ao crédito, depois de a dívida do país ter aumentado de 162% para 266% do PIB (Produto Interno Bruto), para 34 biliões de dólares - quase 154 vezes o PIB português.

O analista do GNE Zhao Qinghe considera que a queda do PMI se deve à queda dos preços das matérias primas e ao mau momento no comércio internacional, com índices negativos nas exportações e importações.

"Isto indica que as pressões negativas sobre as importações e exportações aumentaram, a curto prazo, devido ao abrandamento da recuperação do crescimento económico mundial e ao aumento das incertezas sobre as fricções comerciais", diz Zhao.

A consultora britânica Capital Economics considera, em comunicado, que a queda do PMI indica que o "crescimento continua sobre pressão, com sinais de que a recente recuperação no setor da construção está a perder gás, à medida que os governos locais cortam nos gastos".

O analista Julian Evans-Pritchard aponta também a "fraca procura doméstica, mais do que as tensões comerciais" com os EUA.

"É provável que o crescimento abrande ainda mais, nos próximos meses, mesmo que a reunião (entre os presidentes dos Estados Unidos e da China), Trump e Xi, resulte num ?cessar fogo' na guerra comercial, que evite mais um aumento nas taxas alfandegárias", nota.

Nos últimos meses, Washington e Pequim aumentaram as taxas alfandegárias sobre centenas de milhões de dólares de produtos de cada um, numa disputa alimentada pelas ambições chinesas para o setor tecnológico.

Os efeitos dessa guerra comercial ainda não tiveram grande impacto na economia chinesa, mas as previsões apontam para uma queda das exportações a partir do início do próximo ano.

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