O balanço dos protestos que decorrem na Turquia desde 31 de maio subiu para quatro mortos, três manifestantes e um polícia, revelou hoje o primeiro-ministro, Recep Tayyip Erdogan, num discurso no parlamento de Ancara.

"Três jovens e um polícia perderam a vida nos incidentes", disse Erdogan aos deputados do seu Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP).

A associação turca dos médicos (TBB), que tinha avançado com um balanço anterior de três mortos, publicou hoje um comunicado a confirmar os dados avançados pelo chefe do Governo.

O quarto morto deverá ser um operário de 26 anos que foi ferido na cabeça numa manifestação em Ancara e cuja morte já tinha sido várias vezes noticiada pelos 'media' nos últimos dias.

Segundo os 'media' turcos, o homem foi atingido na cabeça por vários tiros disparados pela polícia, cenário ainda não confirmado pelas autoridades.

Na mesma ocasião, Erdogan culpou a imprensa internacional e as redes sociais na Internet pelos protestos que agitam o país desde 31 de maio.

"Os meios internacionais estão a desinformar de forma sistemática e, com as instituições de imprensa mal-intencionadas, têm crescido os protestos", disse o primeiro-ministro, um conservador islâmico, citado pelos 'media' turcos.

Erdogan pediu ainda aos manifestantes antigovernamentais concentrados no parque Gezi, em Istambul, que se retirem, alertando que o jardim não é "uma zona de ocupação".

"O parque Gezi é um parque, não é uma zona de ocupação. Convido todos os que são sinceros a retirarem-se", disse Erdogan, algumas horas depois de a polícia retomar o controlo da praça Taksim, junto ao parque Gezi.

Os confrontos entre manifestantes e forças de segurança que têm ocorrido em várias cidades turcas nos últimos 12 dias já fizeram cerca de 5.000 feridos, dezenas deles com gravidade.

Os protestos começaram na praça Taksim após a repressão policial de uma manifestação, a 31 de maio, contra a destruição do parque Gezi, em Istambul, e rapidamente se espalharam a Ancara e outras cidades turcas.

Erdogan está no poder há 10 anos e em 2011 o AKP recolheu 50% dos votos.