Borba: Geólogos alertam para risco de desabamento do restante troço da estrada

| País
Porto Canal com Lusa

Borba, Évora, 22 nov (Lusa) - O presidente da Associação Portuguesa de Geólogos (APG), José Romão, alertou hoje para o risco de desabamento do restante troço da estrada, junto às pedreiras em Borba, no distrito de Évora, que colapsou na segunda-feira.

Em declarações à agência Lusa, o responsável avisou que os possíveis novos deslizamentos podem ser provocados pela liquefação do material argiloso que não caiu ou pela falha por onde o material que já caiu descolou.

José Romão observou que "a argila entrou em liquefação e provocou o deslocamento do material", mas advertiu que "outra parte, que ainda não entrou em liquefação, está lá e pode chegar, outra vez, ao limite de liquidez" e provocar um novo deslizamento.

Por outro lado, o presidente da APG alertou que "a falha por onde escorregou o material", na segunda-feira, "pode prolongar-se para um lado ou para o outro" da estrada e pode originar um novo deslizamento "mais à frente ou mais atrás".

"É [necessário] perceber se há alguma falha, alguma descontinuidade, por onde o material descolou e, se essa descontinuidade está lá, ela pode ter deslocado um segmento e no outro segmento não ter deslocado", referiu.

O também geólogo salientou, por outro lado, que podem ocorrer "novos escorregamentos em consequência de um novo desequilíbrio da vertente", sublinhando que terá de haver "muito cuidado com a retirada do material" que se acumulou no sopé da vertente.

"Se este tempo continuar, com mais chuva, a água vai fazer com que haja instabilidade das argilas que estão no topo e vai lubrificar as zonas de acidente", havendo "tendência para a ocorrência de mais escorregamentos", sublinhou.

José Romão considerou que "as vertentes íngremes próximas de 90 graus e a existência de falhas e fraturas" são "fatores que potenciam os escorregamentos", mas referiu que o deslizamento de terras e colapso de um troço da estrada, na segunda-feira, poderá ter sido desencadeado pela "chuva e vibração" dos veículos que passavam na via.

"Tem chovido bastante e as argilas que estão no topo, que estão sobre os calcários, são relativamente plásticas e, com a quantidade de precipitação, poderão ter atingido o limite de liquidez", apontou.

Além disso, acrescentou, "quando ocorreu o escorregamento, estavam a passar na estrada veículos e a sua vibração pode ter sido um fator desencadeante".

"Todos esses fatores podem ter provocado a desagregação da parede", concluiu.

O deslizamento de um grande volume de terras e o colapso de um troço da estrada entre Borba e Vila Viçosa, no distrito de Évora, para o interior de poços de pedreira ocorreu na segunda-feira às 15:45.

Segundo as autoridades, o colapso de um troço de cerca de 100 metros da estrada terá arrastado para dentro da pedreira contígua, com cerca de 50 metros de profundidade, uma retroescavadora e duas viaturas civis, um automóvel e uma carrinha de caixa aberta.

Na terça-feira à tarde foi retirado o corpo de um dos dois mortos confirmados, havendo ainda três pessoas dadas como desaparecidas.

O Ministério Público instaurou "um inquérito para apurar as circunstâncias que rodearam a ocorrência", segundo a Procuradoria-Geral da República, e duas equipas da Polícia Judiciária estão no local desde quarta-feira a proceder a investigações.

O Governo pediu na quarta-feira uma inspeção urgente ao licenciamento, exploração, fiscalização e suspensão de operação das pedreiras situadas na zona de Borba.

SYM // MLM

Lusa/Fim

+ notícias: País

EuroDreams. Dois apostadores vencem prémio de dois mil euros por mês durante cinco anos

A chave do sorteio de Eurodreams desta segunda-feira ditou a atribuição de um terceiro prémio a oito apostadores portugueses, no valor de 137,73 euros.

FC Porto vai ter jogo difícil frente a Belenenses moralizado afirma Paulo Fonseca

O treinador do FC Porto, Paulo Fonseca, disse hoje que espera um jogo difícil em casa do Belenenses, para a 9.ª jornada da Liga de futebol, dado que clube "vem de uma série de resultados positivos".

Proteção Civil desconhece outras vítimas fora da lista das 64 de acordo com os critérios definidos para registar os mortos dos incêndios na região centro

A Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) disse hoje desconhecer a existência de qualquer vítima, além das 64 confirmadas pelas autoridades, que encaixe nos critérios definidos para registar os mortos dos incêndios na região centro.