Futuro da Cerâmica de Valadares aguarda resposta de comissão de credores
Porto Canal / Agências
Gaia, 07 fev (Lusa) -- A Fábrica Cerâmica de Valadares está, neste momento, a aguardar uma resposta por parte da comissão de credores, presidida pelo BCP, para decidir o futuro da empresa, que pode passar pela liquidação, disse hoje fonte judicial.
O Jornal de Negócios noticiou esta semana que o administrador da insolvência entregou o relatório sobre a empresa e que se confirma "o pior: admitindo não ter encontrado um investidor, propõe a liquidação da empresa", algo que já constava do plano apresentado há um ano e que considerava "totalmente inviável" a recuperação da Cerâmica, embora admitisse a possibilidade de reabilitação através de novos investidores.
De acordo com a mesma fonte, espera-se uma resposta por parte da comissão de credores da Cerâmica até meados deste mês, sem que tal queira dizer que a liquidação seja o único resultado possível.
"Temos esperança de que o plano de insolvência seja concreto e seja real, mas pelas últimas informações que a própria comunicação social nos tem dado, supostamente, o gestor informou o tribunal de que o processo ia para liquidação", afirmou à Lusa o antigo trabalhador da Valadares Raul Almeida.
A última ocasião em que os trabalhadores se reuniram em plenário foi em outubro, quando o administrador da insolvência, Rui Castro Lima, comunicou que "até àquela altura não tinha arranjado nenhum investidor e que simplesmente teria que ir para liquidação", ainda que Raul Almeida reconheça que "houve sempre aquela esperança de que talvez - ou talvez não - arranjasse [investidor]".
Em abril do ano passado, o plano apresentado por Rui Castro Lima foi aprovado em assembleia de credores, momento a partir do qual os contratos dos trabalhadores foram suspensos (desde então cessaram), tendo sido estabelecido como prazo máximo 120 dias para encontrar novos investidores.
O plano então proposto reconhecia a impossibilidade de "satisfazer a totalidade dos créditos sobre a insolvência", dando conta de um total do passivo reclamado no valor de 95,9 milhões de euros, 74,3 milhões dos quais relativos à banca e 10,5 aos trabalhadores.
Em relação aos funcionários da empresa, não estava previsto o "reembolso integral destes créditos, uma vez que o produto expectável da liquidação do ativo da insolvente não atingirá previsivelmente valor suficiente para tal", sendo que ao BCP, o maior credor da Cerâmica, é atribuída a dação dos imóveis sobre os quais tem hipoteca.
Numa brochura de promoção da Cerâmica de Valadares como "oportunidade de investimento" é referido que a "transação proposta consiste na venda de um conjunto de direitos pertencentes à Fábrica Cerâmica de Valadares, que possibilitarão a constituição de uma nova empresa para a produção e comercialização de produtos de linhas de casas de banho com a marca Valadares".
O documento acrescenta que "o comprador terá igualmente a possibilidade de selecionar os trabalhadores que pretender recrutar conseguindo desta forma uma força de trabalho qualificada", estimando que a eventual nova entidade atinja um "volume de negócios cruzeiro de 11 milhões de euros" no quinto ano de atividade.
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