Web Summit: Organização diz desconhecer queixas de jornalistas no acesso à informação
Porto Canal com Lusa
Lisboa, 08 nov (Lusa) - O presidente executivo da Web Summit, Paddy Cosgrave, disse hoje "desconhecer" restrições impostas aos jornalistas que cobrem o evento no acesso à informação, depois de o sindicato português ter alertado para esta situação.
"Não tenho conhecimento das queixas do Sindicato dos Jornalistas sobre o acesso à informação", disse Paddy Cosgrave, que falava em conferência de imprensa na Web Summit, em Lisboa, após ter sido questionado pela agência Lusa.
E acrescentou: "Quero saber do que se trata e alguém me deverá pôr a par da situação".
Na terça-feira, o Sindicato dos Jornalistas alertou para restrições impostas pela Web Summit à liberdade de movimentos, nomeadamente na captação de imagens na cimeira tecnológica.
De acordo com as normas para captação de imagens na Web Summit, a que a Lusa teve acesso, não é permitido filmar o conteúdo de qualquer um dos palcos da conferência, 'stands' patrocinados e 'workshops' de parceiros, sendo neste dois casos necessária a autorização do patrocinador no local.
Em comunicado, a estrutura sindical indicou que foi "alertada para as restrições impostas pela Web Summit à liberdade de movimentos dos jornalistas a pretexto da proteção de dados".
O Sindicato dos Jornalistas notou que o novo Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados (RGPD), que entrou em vigor em maio deste ano, "deve ter em conta a especificidade do trabalho dos jornalistas, baseado na liberdade de expressão e de informação, tal como definido na posição conjunta, subscrita por doze organizações ligadas ao setor da comunicação social".
Confrontado com as barreiras à captação de imagem, Paddy Cosgrave hoje observou que "a transmissão de vídeo é livre".
Também questionado pela Lusa sobre onde vai ser o jantar final da organização este ano, que no ano passado foi polémico por se ter realizado no Panteão Nacional, Paddy Cosgrave escusou-se a revelar o local.
Mas garantiu: "O jantar não é no Panteão".
Na edição do ano passado, a utilização do espaço do Panteão Nacional para a realização de um jantar exclusivo de convidados da Web Summit gerou polémica no país.
Esta situação motivou várias críticas e levou a organização a pedir desculpas "por qualquer ofensa causada" e a garantir que a ocasião, "conduzida com respeito", cumpriu as regras do local.
A Web Summit termina hoje no Altice Arena (antigo Meo Arena) e na Feira Internacional de Lisboa (FIL), sendo esperados mais de 70 mil participantes de 170 países naquela que é a terceira edição de 13 previstas em Lisboa.
Questionado sobre planos para as próximas edições, Paddy Cosgrave disse que gostaria de criar uma "cimeira em 'podcast' com entrevistas" com personalidades e especialistas, que aconteceria ao final da tarde, depois do horário das conferências.
"Muitos portugueses sugeriram cimeiras de golfe, de vinho [...] e acho que devíamos fazer uma cimeira de vinho", referiu, realçando que este produto português "é desvalorizado e tem muita qualidade".
E adiantou: "Há muitas possibilidades [de iniciativas paralelas] para os próximos dez anos".
A cimeira tecnológica, de inovação e de empreendedorismo Web Summit nasceu em 2010 na Irlanda e mudou-se em 2016 para Portugal e desde essa altura terá gerado um impacto económico de mais de 500 milhões euros.
Inicialmente, estava previsto que a cimeira ficasse por apenas três anos, mas em outubro deste ano foi anunciado que o evento continuará a ser realizado em Lisboa por mais 10 anos, ou seja, até 2028, mediante contrapartidas anuais de 11 milhões de euros e a expansão da FIL.
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