Guterres condena sequestro nos Camarões e pede libertação imediata de 82 reféns
Porto Canal com Lusa
Nações Unidas, 06 nov (Lusa) - O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, condenou hoje o sequestro de 79 alunos e três funcionários de uma escola presbiteriana na região anglófona dos Camarões, apelando a uma libertação imediata.
Guterres sublinhou que "não há justificação para estes crimes contra civis, em particular, menores", segundo o porta-voz da Organização das Nações Unidas (ONU), Stephane Dujarric.
O porta-voz acrescentou que o secretário-geral da ONU reiterou a necessidade de uma solução pacífica para a crise nas regiões noroeste e sudoeste dos Camarões, nomeadamente "através de um processo de diálogo inclusivo" e para o qual as Nações Unidas estão "prontas a ajudar".
Um vídeo divulgado hoje atribuía a responsabilidade do sequestro ao grupo separatista pela independência do Estado de Ambazonia, os "Amba Boys" (Rapazes de Amba).
Durante o dia, um alegado comunicado da Comissão de Políticas Internacionais da Ambazonia (AIPC, em inglês), reclamou que o vídeo é falso, e que os atos foram cometidos a mando do "regime ditatorial de Paul Biya", Presidente do país.
Também o autointitulado secretário-geral das Comunicações da Ambazonia, Chris Anu, negou que o vídeo fosse verdadeiro.
"Esses rapazes que raptaram os alunos não são 'Amba Boys' ou das nossas forças de restauração. 'Amba Boys' não raptam alunos, não atacam alunos, escolas ou funcionários", disse Anu.
A chamada crise anglófona nos Camarões começou em 2016, com protestos pacíficos para um uso mais igualitário do inglês em tribunas e centros educativos nas regiões anglófonas do noroeste e sudoeste.
A forte repressão pelo Governo camaronês levou à eventual criação de grupos armados, no final de 2017.
No último ano, centenas de pessoas morreram devido a ataques violentos e confrontos entre as Forças Armadas e as milícias separatistas, com várias instituições - incluindo escolas - a serem invadidas.
Em setembro, durante o início do período escolar 2018-2019, seis alunas e o diretor de uma escola foram sequestrados na região anglófona dos Camarões, com um outro diretor a ser assassinado.
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