Começou a remoção dos resíduos do Cachão em Mirandela

| Norte
Porto Canal com Lusa

Os resíduos depositados no Complexo do Cachão, em Mirandela, Trás-os-Montes, começaram hoje a ser removidos depois de cinco anos de polémica e queixas com a perspetiva de a operação ser concluída até ao final do ano.

Atualizado 23-10-2018 12:19

As câmaras de Vila Flor e Mirandela, no distrito de Bragança, substituíram-se à empresa Mirapapel, que durante anos acumulou plástico e papel prensado em armazéns do complexo até dois incêndios terem chamado a atenção para o que foi considerado de crime ambiental e saúde pública.

O Fundo Ambiental disponibilizou 265 mil euros para a remoção que está a ser feita pela empresa Ferrovial e que prevê retirar do local cerca de quatro mil toneladas de resíduos, porém, só no final será possível avançar com o número concreto, como disse César Alvim, da Ferrovial Serviços, empresa que ganhou o concurso.

A operação começou num armazém que não ardeu, com a retirada de fardos de plástico prensado. Nos outros armazéns há materiais queimados e entulho, já que um dos edifícios colapsou num dos dois incêndios, que ocorreram em 2013 e 2016.

Os resíduos retirados serão transportados para um centro integrado de valorização de resíduos da empresa, em Famalicão, alguns depositados em aterro e outros poderão ser recuperados, como explicou o responsável.

O prazo de execução dos trabalhos é de 120 dias, mas a empresa irá “tentar” aceder ao pedido dos autarcas de acelerar a intervenção para que a conclusão ocorra até ao final do ano.

O dia de hoje foi considerado “histórico” por Pedro Fonseca, um dos habitantes da aldeia que deu nome ao complexo e que se tem insurgido contra o problema dos resíduos.

“Efetivamente é um prazer enorme poder estar aqui neste dia a assistir ao início da remoção de todo este lixo que aqui foi depositado e também para as pessoas que aqui residem e conviveram com este problema de saúde pública durante muitos anos”, afirmou.

A aldeia espera que este “possa ser o primeiro dia da recuperação deste espaço que outrora foi palco de grande atividade industrial”, com o antigo Complexo Agro Industrial a empregar mais de mil pessoas até á década de 1970.

Maus cheiros, o receio de novos incêndios e outras pessoas a depositarem entulho no local nos últimos tempos foram alguns dos problemas com que, segundo apontou, têm convivido os habitantes do Cachão.

A presidente da Câmara de Mirandela, Júlia Rodrigues, considera que “finalmente vai haver boas condições e boa qualidade de vida para todos que ali vivem e trabalham”.

“Foi um dia que foi aguardado muito pelas populações, que já não acreditavam que seria possível retirar esta carga ambiental destes incêndios que também foram tóxicos para as populações”, declarou.

A prioridade dos autarcas que gerem o complexo, agora denominado Agro Industrial do Nordeste (AIN), é retirar o lixo. Depois pensarão no processo jurídico relativamente à empresa que causou a situação.

No futuro, pretendem negociar com a Agência Portuguesa do Ambiente a requalificação ambiental de forma a dar vida e dinamismo a este complexo e fazer jus à sua história e ao fundador, o engenheiro Camilo Mendonça considerado o “pai” da agricultura transmontana.

O complexo está degradado e os incêndios nos armazéns dos resíduos agravaram a situação.

O presidente da Câmara de Vila Flor e do Conselho de Administração do Cachão, Fernando Barros, explicou que o processo da remoção dos resíduos demorou porque já tinha sido feito uma candidatura ao Fundo Ambiental que não foi aprovada, exigiu que a Câmara de Mirandela, concelho onde está instalado, tomasse posse administrativa, a celebração de um contrato de financiamento ao Fundo Ambiental, um concurso público, houve contestação e hoje finalmente deu-se início à retirada deste passivo ambiental.

A empresa que gerou o problema era proprietária ou arrendatária dos armazéns onde se encontram os resíduos.

Fernando Barros não quis tecer comentários sobre como foram sendo acumulados no local os resíduos destinados a reciclagem, mas falou da apetência do mercado.

“Quando tem saída corre bem, quando não tem acontece isto”, disse.

+ notícias: Norte

Carro consumido pelas chamas em Arcos de Valdevez

Um veículo ligeiro foi tomado pelas chamas, ao início da tarde desta quarta-feira, no IC28 junto à saída de Paço em Arcos de Valdevez, informa os Bombeiros Voluntários daquela região numa publicação na rede social de Facebook.

Turistas que morreram em acidente na Namíbia eram de Leça da Palmeira

Os dois turistas que morreram na sequência de um acidente que envolveu dois autocarros na estrada C14, na zona de Walvis Bay, esta quarta-feira, eram de Leça da Palmeira, adianta o Correio da Manhã.