Pianista Filipe Pinto-Ribeiro interpreta Vianna da Motta em Los Angeles

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Porto Canal com Lusa

Los Angeles, Estados Unidos, 13 ou (Lusa) - O pianista Filipe Pinto-Ribeiro vai tocar em Los Angeles, Califórnia, um programa com obras de Vianna da Motta, compositor de quem se assinala a dupla efeméride dos 150 anos do seu nascimento e dos 70 da sua morte.

No domingo, Filipe Pinto-Ribeiro toca na Igreja Metodista Unida, no âmbito do ciclo "Seconds Sundays at Two", e, na segunda-feira, no Classical Underground.

Nos dois recitais, o pianista apresenta o mesmo programa constituído por Fantasia, de Mozart, a Sonata "Appassionata", de Beethoven, as canções I, VI e VII dos "Anos de Peregrinação", de Liszt, e ainda, deste compositor húngaro, a "Rapsódia Húngara n.º 12", além de duas peças de Vianna da Motta.

"Escolhi, de Vianna da Motta, o seu primeiro 'opus', a Barcarola [op.1], e uma das 'Cenas Portuguesas' [op.15], neste caso uma dança, uma 'Chula do Douro', um pouco para ir buscar duas vertentes do compositor - uma mais nacionalista, folclórica, do [material] que recolheu e de que utilizou muitos elementos, muitas melodias do folclore português nas suas melodias eruditas - e Barcarola, que é uma obra mais abstrata, mais na tradição do Liszt, do Wagner, do Chopin", disse o músico à agência Lusa.

Tendo sido "o grande embaixador da tradição musical alemã, Vianna da Motta foi sempre muito atento à identidade nacional, às suas raízes e ao que o diferencia das outras nacionalidades musicais europeias".

A "Rapsódia Húngara n.º 12", de Liszt, à qual se referiu como "uma obra muito brilhante, um 'tour de force'", Pinto-Ribeiro disse que "vai fazer a ponte com o folclore português".

O pianista argumentou ter "uma relação familiar com Vianna da Motta" que foi professor de Helena Sá e Costa, sua professora no Porto e, "através dela, uma das suas discípulas favoritas", tocou muitas obras do compositor, que se tornou assim uma "grande referência".

Pinto-Ribeiro tem tocado regularmente peças de Vianna da Motta nas salas europeias de concerto, o que lhe dá "muito prazer e um grande reconhecimento do valor como compositor e como um dos músicos mais importantes do século XX em Portugal, sem dúvida nenhuma".

Relativamente à apresentação de peças de compositores portugueses aos públicos estrangeiros, o pianista disse que "há sempre uma enorme satisfação pela descoberta, pela qualidade das obras, porque, de facto, é algo muito comum, mesmo no meio musical, haver um desconhecimento de obras de compositores portugueses porque está pouco editada e gravada, não está difundida nos circuitos" da música erudita.

"No caso de Vianna da Motta, há sempre uma repercussão excelente", disse.

Quanto à escolha do programa afirmou: "Pensei que o cruzamento com Liszt, por ele ter sido um dos seus últimos alunos, seria algo interessante", disse Pinto-Ribeiro, que defendeu fazer parte de "uma linhagem", que começa com Liszt, passa por Vianna da Motta e Helena Sá e Costa, até chegar ao pianista.

Pinto-Ribeiro disse ainda que Liszt "foi uma espécie de 'neto' de Beethoven, porque estudou com Carl Czerny, que foi um dos principais alunos de Beethoven e que estou muitas das suas obras".

"Todos os jovens pianistas passam pelos exercícios de Czerny, que deixou muitas obras, apesar de não serem muito tocadas", acrescentou.

"Estas linhagens, estes elos de uma grande corrente que é a música, que é cultura, é muito importante que estejam assumidos, que sejam conscientes, apesar de que há muita coisa inconsciente. Há muitos aspetos da interpretação e da própria técnica pianística, da pedagogia, que estão intrinsecamente ligados, porque há muitos princípios que foram transmitidos", de geração para geração.

Pinto-Ribeiro reforçou a sua "dupla linhagem 'lisztiana' através do russo Alexander Siloti, que foi seu aluno e professor de Alexander Goldenweiser, que foi mestre de Samuil Feinberg, de quem foi discípula a minha professora no conservatório de Moscovo".

O pianista atuou o ano passado em Los Angeles, no âmbito do ciclo "Classical Crossroads", que o apresentou como "um dos mais respeitados pianistas portugueses", de maior projeção internacional, depois de Maria João Pires.

Em março último, o pianista, natural do Porto, estreou-se a solo na Konzerthaus, em Viena.

Pinto-Ribeiro é diretor artístico do Festival e Academia Verão Clássico, do Centro Cultural de Belém, em Lisboa, e do DSCH - Schostakovich Ensemble, que é "artista associado da atual temporada da Orquestra Metropolitana de Lisboa", que no seu 'site' se refere ao pianista como um "poeta do piano".

O músico desenvolve uma intensa atividade solística e camerística, abrangendo um repertório vasto, que se estende do período barroco ao século XXI, e realiza frequentemente concertos, como solista, com orquestras e agrupamentos de câmara. Entre aqueles com quem tem trabalhado contam-se a compositora russa Sofia Gubaidulina e músicos como Renaud Capuçon, Gary Hoffman, Gérard Caussé, Michel Portal e José Van Dam.

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