Quatro em cada 10 alunos do 1º Ciclo de Valongo tem excesso de peso
Porto Canal com Lusa
Um estudo realizado nas escolas do 1º Ciclo do Ensino Básico de Valongo concluiu que quatro em cada dez crianças têm excesso de peso e apenas três em dez gostam da sua imagem corporal, divulgou a câmara.
Atualizado 10-10-2018 12:40
Denominado de "Avaliação e autoperceção antropométrica de crianças do 1.º ciclo do Ensino Básico das Escolas do Município de Valongo", o estudo abrangeu 481 alunos dos 3.147 inscritos, num total de 29 turmas, tendo decorrido entre 23 de abril e 18 de junho de 2018.
Resultado de um contrato entre o Instituto Técnico de Alimentação Humana (ITAU) e a Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto (FCNAUP), em parceria com a Câmara de Valongo, o estudo concluiu ainda que 40% dos alunos apresenta excesso de peso.
Distribuído por sexos, são as raparigas quem apresenta maior prevalência de excesso de peso (41%), enquanto os rapazes se ficam pelos 35,7%, revelou o investigador e professor da FCNAUT, Rui Poinhos.
A investigação avaliou variáveis como os "dados antropométricos (peso e estatura), dados pessoais (sexo, idade e perceção da composição corporal) e dados sociodemográficos (escola, turma, ano de escolaridade, nível de escolaridade dos pais e número de irmãos)", acrescentou.
Outro “dado preocupante" para Rui Poinhos é o de que "uma em cada oito crianças indica uma imagem desejada correspondente a magreza" e que "cerca de um sexto das que apresentam excesso de peso desejam uma imagem igual à atual".
E com os dados recolhidos a apontar para "uma elevada proporção de crianças com sobrepeso ou obesidade", o investigador recomenda "estratégias de prevenção e intervenção abrangentes, nomeadamente de âmbito escolar".
O presidente da câmara, José Manuel Ribeiro, afirmou que o município "tem vindo a fazer uma série de investimentos" em várias áreas, mas também ao "nível do comportamento alimentar no 1.º Ciclo", tendo "há cerca de três anos sido substituída a proteína animal pela vegetal nas escolas", num investimento que versou também a "redução do sal e do açúcar".
"O primeiro passo para resolver um problema é assumir que ele existe e a obesidade infantil é uma espécie de retrocesso civilizacional", frisou o autarca para quem "não é fácil identificar o que falhou", salientando o facto de se viver "numa sociedade consumista", onde é "mais barato comer comida de plástico do que fazer uma alimentação saudável".
Reconhecendo a existência de "um conjunto de mensagens diárias no sentido de as crianças verem a magreza extrema" como o "ideal para se inserirem socialmente", vincou que isso "não é algo que dependa dos municípios ou da vontade dos professores" dada a "dimensão societal, tecnológica e mediática" que detém.
"Este estudo reforça o que sabíamos e diz-nos para continuar neste caminho e aprofundar mais", concluiu José Manuel Ribeiro.