Primeiros anos do Governo "não podiam ser piores" - Mário Soares

| Política
Porto Canal / Agências

Lisboa, 10 jun (Lusa) - O antigo presidente da República Mário Soares classificou hoje como "um disparate completo" a intenção do primeiro-ministro, Passos Coelho, de se recandidatar e considerou que os dois primeiros anos do atual executivo "não podiam ser piores".

Em declarações aos jornalistas após uma reunião de uma hora com a presidente do Brasil, Dilma Rousseff, que se encontra em visita oficial a Portugal, Soares não poupou nas críticas, tanto ao governo como ao Presidente da República.

Questionado sobre as declarações do primeiro-ministro em entrevista ao semanário Expresso, em que considerava que "o natural" seria recandidatar-se ao cargo, Soares declarou: "É um disparate completo".

Num balanço dos primeiros dois anos de governo de Passos Coelho, o ex-presidente socialista considerou que "foram péssimos".

"Não podiam ser piores, para Portugal inteiro. Porque Portugal está arruinado, o nosso património está a ser vendido a retalho, as universidades estão sem dinheiro, os professores estão furiosos, os militares estão furiosos. Toda a gente está furiosa em Portugal", disse.

Mário Soares recordou ainda quando era primeiro-ministro de Portugal também teve "um país endividado" e resolveu o problema "num ano" e sem que a 'troika' falasse em público.

"A 'troika' nunca falou senão comigo e com o ministro das Finanças. (...) Resolvemos num ano, pagámos tudo, recebemos tudo", disse o ex-presidente.

Aos jornalistas, Soares afirmou que "a 'troika' fala demais, mas o pior é a subserviência do governo Português à 'troika'. Isso é que é insuportável".

Questionado sobre as vaias ao Presidente da República, Cavaco Silva, hoje de manhã em Elvas, Soares lembrou que o chefe de Estado "baixa todos os dias nas sondagens, está cada vez mais impopular e tem de tomar uma posição sobre isso".

"Ninguém pode admitir que um Governo que não se entende entre si e que está a destruir Portugal, a classe média e tudo o resto e tem milhares e milhares de desempregados continue", declarou.

Sobre as declarações do presidente francês, o também socialista François Hollande, que afirmou no domingo, em Tóquio, que a crise na Europa acabou, Soares mostrou-se otimista: "Vai acabar, sim".

"A crise está a acabar na medida em que a Alemanha percebeu que vai ficar também em crise se não mudar a austeridade", disse o ex-presidente da República, recordando que estando a Europa em crise, a Alemanha não consegue manter os níveis de exportações.

Na sua segunda visita oficial a Portugal, que coincide com o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, a presidente brasileira estará na cerimónia de entrega do Prémio Camões a Mia Couto, no Palácio de Queluz.

Depois da cerimónia, Dilma Rousseff participará num jantar oferecido pelo Presidente Cavaco Silva, antes de seguir, ao fim da noite, de regresso ao Brasil.

FPA. // VC

Lusa/fim

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