Companhia grega Blitz Theatre Group apresenta "Late Night" no Rivoli, no Porto

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Porto Canal com Lusa

Porto, 04 out (Lusa) -- A companhia grega Blitz Theatre Group estreia em Portugal o espetáculo "Late Night", pelas 21:30 de hoje no Teatro Municipal Rivoli, no Porto, encenando num salão de baile um mundo apocalíptico, após uma III Guerra Mundial.

O grupo foi fundado em 2004 por Angeliki Papoulia, Christos Passalis e Yorgos Valais, trio que dirigiu o espetáculo e integra também o elenco, ao lado de Maria Filini, Ioanna Rabaouini e Fidel Talaboukas.

Escrita em 2012, a peça partiu de uma vontade de explorar "o que as pessoas fazem à noite", a dança e "a ideia de um salão de dança", e explorar a inspiração do filme "La Jetée" (1962), do francês Chris Marker, explicou à Lusa Angeliki Papoulia, à margem de um encontro com estudantes de escolas de teatro da cidade.

"Tínhamos muito em mente a questão da dança, e falando de uma Guerra Mundial, a decorrer, ficámos cativo neste salão de dança abandonado, com a guerra do lado de fora e as pessoas lá dentro", acrescentou.

A "Europa destruída", como descreve Yorgos Valais, acabou por inspirar o trabalho de escrita da peça, mas há um "olhar mais além do que aconteceu à Grécia e ao continente", até porque "a Europa já colapsou várias vezes", e o afastamento da política já estava definido pelo trio.

Ainda assim, a "bolha de ausência de mudança" social e política, como colocou Angeliki, combinou com "alguns detalhes pessoais" e a "crise de intimidade, muito moderna", que se vive hoje em dia, apresentada "pelo mundo digital", apontou Christos Passalis.

"Há uma crise nas relações interpessoais, mas talvez eu esteja a ser como o meu pai foi acerca da minha geração", apontou.

O futuro digital, referiu, abre "uma enorme possibilidade de que uma nova forma de teatro surja, quando esta nova geração começar a encenar peças, que será muito interessante", mesmo diante uma vida "muito fragmentada, como um 'jump cut' no cinema", comentou Yorgos.

"Apesar de tudo, as pessoas vão continuar a precisar de histórias, é impossível viver sem isso. É a coisa mais antiga que existe, e não mudou assim tanto. David Lynch e Homero não estão assim tão distantes", afirmou Christos.

Angeliki apontou para a antiguidade de algumas peças que ainda hoje são representadas como prova da força da palavra, um comentário realçado pela atual produção de "Otelo", de Shakespeare, pelo Teatro Nacional São João (TNSJ), no Porto.

A valsa, estilo escolhido para a peça, e a música surgem por uma necessidade de movimento em "Late Night", quase "como uma reação instintiva, para narrar com os corpos e não só com as palavras", com a música a acrescentar "ao elemento melodramático".

Por seu turno, as "demasiadas músicas emocionantes", brincou Christos, acrescentaram "mais calor ao espetáculo, no sentido de que é algo que pode e deve tocar a plateia", completou Angeliki.

"Não podíamos falar de certas coisas, como este sentimento de estarmos numa sala de espera da História, ou da Europa, ou de aventuras pessoais. Acredito que não podíamos falar disso, de forma literal, e tivemos de encontrar uma forma de o expressar. A dança foi uma reação a isto, e 'Late Night' tem como característica ser muito energética por um período muito longo", explicou Christos.

"Late Night", exibido hoje pelas 21:30, no Teatro Municipal Rivoli, no Porto, é uma produção do Blitz Theatre Group em estreia nacional, falada em grego com legendas em português, estando agendada uma conversa depois da récita com a dramaturga e encenadora portuguesa Raquel S.

SIYF // MAG

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