Violência "parcialmente controlada" na República Centro Africana
Porto Canal / Agências
Bangui, 03 fev (Lusa) -- O chefe do estado-maior das forças armadas de França, almirante Edouard Guillaud, considerou hoje que "a violência foi parcialmente controlada" na República Centro Africana (RCA), dois meses depois do início da operação 'Sangaris' por forças francesas.
"O desarmamento começou, tanto para os 'anti-balaka' (milícias cristãs) como para a Séléka (ex-rebeldes da coligação de maioria muçulmana) (...). Bangui está melhor e a tendência é positiva", afirmou Guillaud durante uma visita ao campo M'Poko, no aeroporto da capital da RCA, onde estão instalados os soldados da operação 'Sangaris', iniciada a 05 de dezembro.
O responsável militar francês falava no mesmo dia em que o padre Cassien Kamatari revelou que pelo menos 75 pessoas foram mortas na última semana em Boda, situada a uma centena de quilómetros a oeste de Bangui, em confrontos sectários.
Contactado por telefone pela agência France Presse, o padre da paróquia de São Miguel, em Boda, adiantou que a violência continua" na cidade.
"Os muçulmanos, bem armados, ergueram barricadas à entrada e à saída da cidade e desde terça-feira que estão a atacar os cristãos", disse o padre Kamatari, indicando que 1.500 pessoas estão atualmente refugiadas na sua paróquia.
O religioso referiu que para além das 75 vítimas mortais cristãs houve também muçulmanos mortos, mas "não há um balanço disponível, porque os corpos são enterrados automaticamente".
Dirigindo-se aos soldados em Bangui, o chefe do estado-maior das forças armadas francesas sublinhou: "a vossa missão é difícil, sem dúvida uma das mais complexas para um soldado".
"Não há linha de frente, não se trata de vencer", mas de uma "missão sem inimigos declarados", disse.
O exército francês enfrenta "uma população dividida, uma violência latente" num "país onde o Estado está em grandes dificuldades", adiantou o almirante Guillaud, considerando que "a solução para esta crise é antes de mais centro-africana".
A RCA está em crise desde março de 2013 quando uma coligação rebelde de maioria muçulmana, a Séléka, derrubou o governo do país maioritariamente católico, desencadeando uma espiral de violência sectária, que já causou milhares de mortos e centenas de milhares de deslocados.
Os 1.600 soldados franceses da operação 'Sangaris' dão apoio aos 5.500 homens da força africana 'Misca'.
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