Alunos querem Estatuto com deveres e sanções uniformes para instituições
Porto Canal / Agências
Lisboa, 29 jan (Lusa) - Associações de estudantes e federações académicas vão apresentar ao ministro da Educação uma proposta de Estatuto do Estudante do Ensino Superior que inclui normas disciplinares e sanções uniformes em caso de abusos e excessos em contexto académico e praxes.
Num comunicado conjunto, 14 associações e federações, do norte ao sul do país, recordam que as instituições de ensino superior já têm regulamentos disciplinares que sancionam os abusos levados a cabo pelos alunos.
No entanto, consideraram que a legislação não tem sido eficaz no combate aos excessos e por isso vão apresentar, esta quinta-feira, uma nova proposta de Estatuto do Estudante do Ensino Superior ao ministro da Educação Nuno Crato.
Os alunos querem um diploma que defina "de forma comum" os direitos e deveres dos estudantes e que as normas disciplinares sejam "uniformes" no que toca à "sanção dos abusos, excessos e demais infrações ocorridos em contexto académico, inclusivamente no âmbito das praxes académicas".
Os estatutos do estudante não devem "ser variáveis consoante a instituição de ensino superior, unidade orgânica ou curso a que pertençam", lê-se no comunicado conjunto assinado por associações como a Associação Académica de Coimbra ou a Associação Académica da Lisboa.
Para os alunos é importante que as regras sejam iguais para todos: Um mesmo abuso não pode ser penalizado numa instituição com "expulsão, quando noutra ao lado apenas o seja com uns dias de suspensão ou mera advertência", defendem as associações, entre as quais se encontra a Federação Académica do Porto e as associações académicas das universidades do Minho, Algarve, Aveiro, Beira Interior, Évora e Trás-os-Montes.
Além de defender mais prevenção e sensibilização contra práticas violentas, os alunos querem que possa haver uma "intervenção disciplinar nos casos ocorridos mesmo fora das instalações das instituições, que hoje estão à partida à margem da ação disciplinar".
Os estudantes condenam os abusos e os responsáveis de instituições superiores que optaram por "empurrar o problema para fora dos portões", tornando-as clandestinas: "Não é aceitável que os responsáveis das instituições de ensino superior se desresponsabilizem de um problema que pode atingir consequências graves: somos por isso contrários a todas as decisões que se limitam a empurrar o problema para fora dos portões dos estabelecimentos".
Para as associações e federações, "emitir um despacho a proibir praxes nos estabelecimentos de ensino, como acontece em alguns deles, não extingue as praxes; apenas as escondem e tornam clandestinas, simultaneamente aumentando o risco e o grau de violência dos excessos (por falta de escrutínio e visibilidade) e anulando a possibilidade de controlo e sanção enquadrados naqueles regulamentos aplicáveis em todos os casos que ocorram nas próprias instalações das instituições de ensino superior".
No comunicado, as entidades representantes dos estudantes dizem querer que o estatuto acompanhe e incorpore o processo de revisão do Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior (RJIES), cujo processo deve ser assumido como prioritário pela tutela e demais intervenientes no sistema de ensino superior, por representar uma peça fundamental no contexto da discussão em torno da necessária reforma do ensino superior.
O diploma deve ainda traçar "o enquadramento base de direito mínimos e deveres decorrentes de situações especiais, como a condição de trabalhador-estudante, estudante-atleta, o voluntariado, a parentalidade, as necessidades educativas especiais, o envolvimento em atividades culturais, o estudante dirigente associativo estudantil, entre outras.
Os estudantes defendem ainda que no diploma deve incluir normas disciplinares, por considerarem que não faz sentido, por exemplo, estudantes iguais à partida perante o sistema serem punidos em quadros disciplinares diferentes por infrações iguais", acrescentam os estudantes.
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