Incêndios: Artesãos perderam a casa em Monchique e o seu "cantinho" de trabalho

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Porto Canal com Lusa

Monchique, Faro, 13 ago (Lusa) -- Há 40 anos em Monchique, Eveline faz dos tecidos recortados e aplicados sobre entretela a sua arte. Tal como outros cinco artesãos, com o grande incêndio deste mês perdeu a casa, mas também o seu "cantinho" de trabalho.

"Estou cheia de vontade de voltar a trabalhar, de me agarrar a alguma coisa", desabafa, durante uma conversa com a Lusa no Miradouro da Fóia, onde está instalada a loja da Associação de Artesãos de Monchique. É aqui que são expostos os trabalhos dos 16 membros e de outros cinco 'convidados'.

Nasceu em França há 69 anos -- faz 70 esta semana -- e estava farta do trabalho de escritório na área das telecomunicações. "Comprei uma carinha e vim", conta.

Entrou por uma fronteira no Norte do país e foi "descendo, descendo, descendo" até chegar ao concelho algarvio de Monchique. "O que eu adorei! As pessoas amáveis, os animais, a paisagem", descreve, sorridente.

Sempre gostou de tecidos, por isso, quando pensou "em como ganhar a vida", já sabia o que fazer, até porque Portugal também "tem tecidos muito bonitos".

Sem pré-desenho, vai experimentando a sobreposição dos tecidos, que depois prende com cola e linha. Começou por fazer quadros com pessoas, mas agora "os velhotes já não estão vestidos como antigamente", pelo que prefere dedicar-se a paisagens.

Foi no domingo, dia 05, que o fogo se aproximou da sua casa e do seu posto de trabalho. A GNR passou uma vez a avisar que provavelmente iria ter de sair, mas à segunda passagem foi taxativa: "Evacuação! Rápido, rápido!".

Eveline levou consigo o saco dos medicamentos, a cadela, roupa e documentos, e foi para casa de uma amiga. Mas pouco depois a história repetiu-se: esta habitação também foi evacuada e acabou a noite a dormir num carro no parque de estacionamento de um supermercado.

Por estes dias, a vida da presidente da Associação de Artesãos de Monchique tem sido uma correria. Desdobra-se em contactos para arranjar um espaço e material para os seis artesãos recomeçarem e ajuda-os a procurar uma casa provisória. Um deles foi acolhido na sua casa.

"Estes seis ficaram sem casa, logo, sem oficina", lamenta Ana Cristina Figueiredo, acrescentando, ao lado do marido: "Como não nos aconteceu nada, estamos com muita coragem para os ajudar e animar".

Para ajudar estes seis artesãos a recomeçarem, a associação abriu uma conta para angariação de donativos (Caixa de Crédito Agrícola -- IBAN PT50 0045 7190 4026 9823 5114 1). "Nestas alturas, temos de ser solidários", apela.

"A primeira coisa que pensámos foi um espaço para trabalharem, porque isto é o ganha-pão deles", afirma, contando que uma associação de artesãos de Coimbra deu "uma ajuda fantástica", emprestando maquinaria, e que a parte elétrica do novo espaço já está tratada, "a custo zero".

O fogo da serra de Monchique, que queimou 16.700 hectares neste concelho, lavrou entre 03 e 10 de agosto.

Eveline só voltou a casa na quarta-feira, no dia 08, e para confirmar o cenário que já antecipava: tudo tinha ardido.

"Era no meio do mato, muito isolada, mas fica sempre uma esperança. Estava tudo ardido, as árvores que eu plantei", admite.

Agora que já encontrou uma nova casa, provisória, Eveline espera ter até ao início do mês de setembro tudo o que precisa para retomar o trabalho.

"Mas custa muito", afirma.

MLS // ROC

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