MNE espera reforço de laços comerciais entre Portugal e a Colômbia
Porto Canal com Lusa
Bogotá, 08 de agosto (Lusa) - O ministro de Negócios Estrangeiros português afirmou, na terça-feira, em Bogotá, esperar um reforço dos laços comerciais com o país latino-americano, principalmente na área das infraestruturas, no dia em que tomou posse o novo Presidente colombiano.
Augusto Santos Silva participou na terça-feira na cerimónia da tomada de posse de Iván Duque, que sucede a Juan Manuel Santos.
O ministro disse à Lusa esperar uma continuidade da "excelente relação" que possuía com a ministra dos Negócios Estrangeiros anterior, María Ángela Hoguín, e a abertura de novas oportunidades de negócio, principalmente na área de infraestruturas e na construção de escolas de jornada de tempo integral, citadas pelo presidente Iván Duque no seu discurso de posse.
A balança comercial entre os dois países é favorável para a Colômbia, devido à exportação de carvão. Em 2017, Portugal exportou 66 milhões de euros ao país latino-americano, e importou 364 milhões.
Já o número de empresas portuguesas que exportam para o país duplicou em cinco anos, passando de 225 em 2012 para 412 em 2017, segundo informações do ministro.
Atualmente, há mais de 50 empresas lusas com sede na Colômbia, como o grupo Jerónimo Martins e a construtora Mota-Engil.
Santos Silva estima que Portugal seja o sétimo país que mais origina investimento estrangeiro para o país, com negócios enfocados nas áreas de distribuição, construção e engenharia, farmacêutica e tecnologia da informação.
À Lusa, o MNE disse também que "apoia muito" o processo de paz entre o Governo colombiano e as ex-Forças Armadas e Revolucionárias da Colômbia (FARC).
Durante o evento, Santos Silva conversou com o homólogo, Carlos Holmes Trujillo, sobre as mudanças que o novo executivo quer realizar no acordo de paz.
Entre elas, está o julgamento do sequestro como um crime separado do delito político, o que significaria impedir para esse caso as reduções de pena que podem ser aplicadas pela Justiça de Transição.
Portugal é um dos países fundadores do fundo fiduciário da União Europeia dedicado à substituição de cultivos de uso ilícito na Colômbia e à reintegração à vida civil de ex-guerrilheiros das FARC (agora partido político, Força Alternativa Revolucionária do Comum).
Santos Silva afirmou "respeitar as decisões" do Governo local e reconhecer que o processo de paz na Colômbia é "complexo" porque ocorre após mais de 50 anos de um conflito que causou milhões de vítimas mais de oito milhões, segundo números oficiais.
O ministro permanece em Bogotá até hoje, dia em que está previsto dar uma conferência na Universidade dos Andes sobre o escritor português Fernando Pessoa.
Em seguida, parte para o Panamá, onde se irá reunir com o Presidente Juan Carlos Varela e com a vice-Presidente e ministra dos Negócios Estrangeiros, Isabel Saint Mallo de Alvarado.
Entre os temas a ser tratados está um processo de correção do sistema fiscal do Panamá, apoiado por Portugal. Atualmente, o país é considerado um paraíso fiscal.
Santos Silva também participará da cerimónia de inauguração oficial da Embaixada Portuguesa no Panamá, na quinta-feira.
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