Sindicato acusa Ryanair de "coagir" trabalhadores de países que marcaram greve europeia

| Economia
Porto Canal com Lusa

Lisboa, 17 jul (Lusa) - O Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) acusou hoje a companhia aérea Ryanair de "coagir" tripulantes em Portugal, Itália, Espanha e Bélgica ao querer saber se participam na greve do final do mês.

"Os tripulantes nos quatro países em que foi feito o pré-aviso de greve estão a receber um 'e-mail' com um inquérito para fazerem'online' para a Ryanair ficar a saber se fazem greve ou não", denunciou, em declarações à agência Lusa, a presidente do SNPVAC, Luciana Passo.

Com o questionário na internet, a empresa "quer prever uma operação [para os dias 25 e 26 de julho] e saber quem faz greve ou deixa de fazer, o que é ilegal, e quer coagir os tripulantes, ficando com registo de quem responde ou não, o que também não me parece muito curial", afirmou a responsável.

Em causa está a greve de 24 horas em Portugal, Itália, Espanha e Bélgica no próximo dia 25 de julho e em Portugal, Espanha e Bélgica, no dia 26.

De acordo com Luciana Passo, o inquérito agora conhecido "é ilegal, é uma forma de coagir os tripulantes, e eles não têm nada de responder".

No questionário 'online', a Ryanair sustenta que "esta paralisação para os clientes, durante o tempo de férias, é completamente desnecessária", e pede aos tripulantes que, com vista a "minimizar os impactos", digam "atempadamente quem vai comparecer ao trabalho naquelas datas", segundo informação a que a Lusa teve acesso.

Solicitando uma resposta até quarta-feira, a companhia aérea ressalva que "não há qualquer obrigação" para os tripulantes portugueses - assim como os dos outros países - fazerem greve, já que "podem sempre ir trabalhar, se assim o desejarem".

Segundo a presidente do SNPVAC, esta "é mais uma manobra" da Ryanair, mesmo sabendo que "o direito a fazer greve existe".

Luciana Passo admitiu que a "decisão conjunta" tomada pelos quatro países vai causar "transtornos enormes, gravíssimos e escusados a quem não tem culpa nenhuma", isto é, os passageiros, mas disse ser a solução encontrada perante as recusas da Ryanair em aceitar as exigências do pessoal de cabine.

A paralisação foi convocada pelos sindicatos SNPVAC, UILTRASPORTI/FILT - CGIL (Itália), SITCPLA (Espanha), USO (Espanha) e CNE-LBC (Bélgica).

"Os sindicatos pediram três coisas: que a Ryanair aplicasse a lei do país onde está, como está consignado no regulamento da União Europeia, que reconhecesse os representantes do sindicato como interlocutores básicos e que aplicasse a todos os trabalhadores que operam nos seus aviões, incluindo os que são de outras companhias como a Crewlink ou a Workforce, os mesmos termos e condições de trabalho", precisou a responsável.

Contudo, "mesmo que estes não sejam pedidos assim tão extraordinários, a Ryanair [...] disse que não podemos avançar", aludindo à justificação de que só negoceia com "delegados sindicais que trabalhem na empresa", lamentou.

A agência Lusa pediu esclarecimentos à Ryanair e aguarda resposta.

A companhia irlandesa tem estado envolvida numa polémica desde a greve dos tripulantes de cabine de bases portuguesas por ter recorrido a trabalhadores de outras bases para minimizar o impacto da paralisação, que durou três dias, no início de abril.

As alegadas substituições ilegais levaram à intervenção da Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT), entidade que "já está alertada" para a greve do final deste mês de julho, adiantou Luciana Passo.

ANE (PL)// ATR

Lusa/Fim

+ notícias: Economia

Bruxelas elogia cortes "permanentes de despesa" anunciados pelo Governo

A Comissão Europeia saudou hoje o facto de as medidas anunciadas pelo primeiro-ministro se basearem em "reduções permanentes de despesa" e destacou a importância de existir um "forte compromisso" do Governo na concretização do programa de ajustamento.

Bruxelas promete trabalhar "intensamente" para conluir 7.ª avaliação

Bruxelas, 06 mai (Lusa) -- A Comissão Europeia está empenhada em trabalhar "intensamente" para terminar a sétima avaliação à aplicação do programa de resgate português antes das reuniões do Eurogrupo e do Ecofin da próxima semana, mas não se compromete com uma data.

Euribor sobe a três meses e mantém-se no prazo de seis meses

Lisboa, 06 mai (Lusa) -- A Euribor subiu hoje a três meses, manteve-se inalterada a seis meses e desceu a nove e 12 meses, face aos valores fixados na sexta-feira.